Os italianos andam atordoados com o insucesso e o tema já serve para o debate (e indiretas) entre dois dos treinadores que por lá mais venceram. Afinal, o que é o "jogo à italiana"? E faz falta?
O futebol Italiano evoluiu muito com médias de golo/jogo incrível. É raro um 0:0 ao intervalo. Ganharam o europeu e não foram ao mundial por uma improbabilidade muito grande. Tiveram 3 jogos para carimbar a coisa, penaltis no fim. A nível europeu/clubes não têm os melhores jogadores, têm de aceitar como natural o fracasso nas provas das eufas. Bem vindos ao clube. Agora, cortarem para trás e regressarem ao catennaccio, era péssimo. É necessário dar voz a estes rezingões, mas com contraditório.
Já em 2018 os italianos colocaram estas mesmas questões que Sacchi e Capello agora colocam, mas não me parece que seja a competitividade e a capacidade de atracção de jogadores de topo que sejam as principais razões para este atraso.
A verdade é que mesmo ultrapassada por ingleses, espanhóis e alemães, a liga italiana continua a ser do top 4 mundial, é mais competitiva e atrai grandes estrelas (mas já não as maiores, tal como de certa forma a Espanha e a Alemanha também não conseguem atrair), com equipas de qualidade reconhecida.
Se a pouca competitividade e a incapacidade de atracção de estrelas são as principais razões do insucesso italiano, como se justifica que Bélgica, Portugal ou Croácia sejam presenças constantes nos grandes torneios, e com resultados de destaque?
A Itália continua a formar bem, tem uma selecção de topo - que só perdeu dois jogos oficiais desde que perdeu com Portugal na Liga das Nações em 2018: com a França no ano passado, e agora com a Macedónia. O problema certamente está na capacidade de integrar jogadores italianos nas equipas de topo, e talvez ainda mais importante, ter capacidade de exportar jogadores para as grandes ligas rivais.
Essa talvez seja a principal questão, mas isso talvez implicasse afastar os italianos de casa da mãe, o que provavelmente conduzirá a consequências imprevisíveis.
O grande problema da Itália é que os anos 80 e 90 nunca mais voltarão, pois não se voltará a repetir um alinhamento económico, político, cultural, desportivo e quiçá astrap como aquele. A capacidade de atracção de craques para o campeonato italiano dos anos 80/90 não tem paralelo na história do futebol, com aqueles tridentes mágicos espalhados pelas diversas equipas do calcio que fizeram a história.
Mas a verdade é que a Itália também não repetirá o renascimento florentino, nem terá Bernini e Caravaggio a embelezar Roma outra vez. Nada se repete, mas nada se esquece.
Sempre tive um ódio de estimação (é só uma expressão!) pela Itália. Aquele joguinho chato de 10 atrás e o Baggio na frente. É uma simplificação, claro, mas nunca me seduziu. Embora com o tempo tenha aprendido a não desgostar tanto. É evidente que falhar dois mundiais seguidos é preocupante, mas falar de falência do futebol italiano, pelo menos a nivel de seleções, é quase um ultraje. Quem dera a 98% dos países estar em crise e em 14 anos ser campeão mundial e europeu... Comparando com Inglaterra, cujos clubes estão dominadores, mas tem uma seleção que nada ganha, é caso para perguntar: qual o país que tem o futebol em crise?
O futebol italiano está na mesma crise do futebol brasileiro, que curiosamente até foi referido pelo António Tadeia como favorito à vitória no Mundial, opinião com a qual discordo em absoluto. A razão é diferente, se no caso do Brasil a arrogância do "penta campeonato" levou à estagnação do modelo futebolístico, uma seleção que tinha sempre vários melhores do Mundo no seu 11 em todas as gerações, que hoje tem no máximo o Neymar, longe de ser dos melhores do Mundo e que não ganha um Mundial de futebol desde 2002, sendo ultrapassado em tudo pelo futebol europeu. No caso italiano, a queda da Serie A, motivada pela perda de influencia dos seus clubes no mercado internacional, devido ao surgimento de multimilionários e de Estados com vontade de investir, em Inglaterra e em Espanha e até no PSG, mas também alguma crise na formação de jogadores, que não os tem formado com a qualidade de outrora, sendo a sua última esperança o Balotelli, que acabou por se mostrar um mero Dani italiano.
Bom texto, mas não sei se hoje ainda faz sentido falar de futebol à italiana ou à inglesa, a tónica estará mais na competência de treinadores e respectivas equipas, bem como de orçamentos mais ou menos generosos.
O futebol Italiano evoluiu muito com médias de golo/jogo incrível. É raro um 0:0 ao intervalo. Ganharam o europeu e não foram ao mundial por uma improbabilidade muito grande. Tiveram 3 jogos para carimbar a coisa, penaltis no fim. A nível europeu/clubes não têm os melhores jogadores, têm de aceitar como natural o fracasso nas provas das eufas. Bem vindos ao clube. Agora, cortarem para trás e regressarem ao catennaccio, era péssimo. É necessário dar voz a estes rezingões, mas com contraditório.
Sou italiano e custou me muito não ir a um Mundial. O que vale este ano terei sempre o Antônio Tadeia. #eusigoantoniotadeia
Já em 2018 os italianos colocaram estas mesmas questões que Sacchi e Capello agora colocam, mas não me parece que seja a competitividade e a capacidade de atracção de jogadores de topo que sejam as principais razões para este atraso.
A verdade é que mesmo ultrapassada por ingleses, espanhóis e alemães, a liga italiana continua a ser do top 4 mundial, é mais competitiva e atrai grandes estrelas (mas já não as maiores, tal como de certa forma a Espanha e a Alemanha também não conseguem atrair), com equipas de qualidade reconhecida.
Se a pouca competitividade e a incapacidade de atracção de estrelas são as principais razões do insucesso italiano, como se justifica que Bélgica, Portugal ou Croácia sejam presenças constantes nos grandes torneios, e com resultados de destaque?
A Itália continua a formar bem, tem uma selecção de topo - que só perdeu dois jogos oficiais desde que perdeu com Portugal na Liga das Nações em 2018: com a França no ano passado, e agora com a Macedónia. O problema certamente está na capacidade de integrar jogadores italianos nas equipas de topo, e talvez ainda mais importante, ter capacidade de exportar jogadores para as grandes ligas rivais.
Essa talvez seja a principal questão, mas isso talvez implicasse afastar os italianos de casa da mãe, o que provavelmente conduzirá a consequências imprevisíveis.
O grande problema da Itália é que os anos 80 e 90 nunca mais voltarão, pois não se voltará a repetir um alinhamento económico, político, cultural, desportivo e quiçá astrap como aquele. A capacidade de atracção de craques para o campeonato italiano dos anos 80/90 não tem paralelo na história do futebol, com aqueles tridentes mágicos espalhados pelas diversas equipas do calcio que fizeram a história.
Mas a verdade é que a Itália também não repetirá o renascimento florentino, nem terá Bernini e Caravaggio a embelezar Roma outra vez. Nada se repete, mas nada se esquece.
Sempre tive um ódio de estimação (é só uma expressão!) pela Itália. Aquele joguinho chato de 10 atrás e o Baggio na frente. É uma simplificação, claro, mas nunca me seduziu. Embora com o tempo tenha aprendido a não desgostar tanto. É evidente que falhar dois mundiais seguidos é preocupante, mas falar de falência do futebol italiano, pelo menos a nivel de seleções, é quase um ultraje. Quem dera a 98% dos países estar em crise e em 14 anos ser campeão mundial e europeu... Comparando com Inglaterra, cujos clubes estão dominadores, mas tem uma seleção que nada ganha, é caso para perguntar: qual o país que tem o futebol em crise?
O futebol italiano está na mesma crise do futebol brasileiro, que curiosamente até foi referido pelo António Tadeia como favorito à vitória no Mundial, opinião com a qual discordo em absoluto. A razão é diferente, se no caso do Brasil a arrogância do "penta campeonato" levou à estagnação do modelo futebolístico, uma seleção que tinha sempre vários melhores do Mundo no seu 11 em todas as gerações, que hoje tem no máximo o Neymar, longe de ser dos melhores do Mundo e que não ganha um Mundial de futebol desde 2002, sendo ultrapassado em tudo pelo futebol europeu. No caso italiano, a queda da Serie A, motivada pela perda de influencia dos seus clubes no mercado internacional, devido ao surgimento de multimilionários e de Estados com vontade de investir, em Inglaterra e em Espanha e até no PSG, mas também alguma crise na formação de jogadores, que não os tem formado com a qualidade de outrora, sendo a sua última esperança o Balotelli, que acabou por se mostrar um mero Dani italiano.
Bom texto, mas não sei se hoje ainda faz sentido falar de futebol à italiana ou à inglesa, a tónica estará mais na competência de treinadores e respectivas equipas, bem como de orçamentos mais ou menos generosos.