A ortodoxia manda olhar para o clássico de forma enviesada. Uns não querem que os outros festejem ali, estes quererão fazê-lo contra um rival direto. Mas o que está em jogo é muito mais do que isso.
Até num jogo em que potencialmente o Porto será campeão se consegue fazer uma crítica velada ao clube e aos seus adeptos.
A velha questão da visão centralista que não vê diferença de tratamento, não vê que vivemos num país centralista, porque fala sempre da perspetiva de privilégio e não conhece, de todo, o outro lado e o que sentem, ao longo de décadas, quem está do outro lado e vê o seu mérito ser menosprezado. E claro, fica fácil quando depois quando se apontam dados concretos, nomeadamente na imprensa, e aí diz-se que não se quer comentar.
Outra coisa, é assim tão anormal ter o prazer de se celebrar um título na casa do seu maior rival? Isto só pode vir de alguém que nunca sentiu esse prazer extremo ( e, no caso, o Benfica e o Sporting que eu sabia, nunca foram campeões a jogar na casa do F. C. Porto).
Só pode vir de quem não sentiu o estádio do Dragão a estremecer no golo de Kelvin e o prazer supremo de conquistar um título frente ao maior rival ( ou encaminha-lo).
Não entende o que significa ir a casa do seu maior rival e não deixar margem para dúvidas da sua superioridade, levando ao ponto do rival ter o mau perder de ligar a rega e apagar a luz, algo que se fosse o F.C. Porto a fazer merecia investigações e repúdio nacional pelos comentadores e jornalistas em geral mas que, à época levou até que o próprio Jorge Jesus brincasse com o tema dizendo que não era eletricista. Muitos lestos a lançar suspeições e meter processos contra o Portimonense, o Benfica teve algum processo? Tem noção do perigo que constituiu para as pessoas que ainda estavam no estádio, ficarem completamente às escuras e com adeptos do Benfica ainda a saírem do estádio?
Quem não percebe a dimensão de uma rivalidade no desporto e o que ela significa, enquanto fenómeno social, também não percebe do jogo.
E gostando de história, poderá estudar os primórdios do futebol e o seu surgimento no Reino Unido e como as grandes rivalidades, inclusive as regionais, catalizaram a paixão pelo jogo, o interesse e a conexão entre uma determinada região e o seu clube.
Ver nisso algo mau, menor ou que revele algum tipo de complexo, é não conseguir entender o jogo na sua dimensão histórico-social. É esperar que o futebol viva num ambiente estéril quando o futebol veio das ruas, de sujar a roupa e não de polos aprumados do golf ou de desportos praticados essencialmente por elites como F1 ou Ténis.
Ontem o Josias dizia que era por isto que o nosso futebol não evoluía. E eu contrapus, mas alguém acha que um adepto do United quer ver o City a ganhar uma champions ou vice versa?
Para um adepto do Barcelona é-lhe indiferente ser campeão em pleno Santiago Bernabeu?
A rivalidade faz parte do jogo e também é o que potencializa que cada competidor esteja sempre alerta e a querer superar-se.
Em realação aos jogadores, em relação aos do Benfica, até poderei aceitar...mas em relação aos do Porto, achar que eles não entendem a dimensão deste jogo, da rivalidade e do que significa para todos ganhar o campeonato na Luz, é não conhecer de todo a realidade do contexto do Porto.
E pode ler os vários testemunhos ( durante esta semana no Jogo tem vários por onde escolher) de jogadores que não nasceram no Porto mas que beberam da sua cultura e essa não acontece apenas dentro do Olival. Os jogadores não são mentecaptos e têm até cada vez mais acesso à informação. Mas para além disso, faz parte da cultura da própria cidade. Eles saem. Eles vão às compras, vão almoçar e jantar fora, passear etc. E são abordados pelas pessoas na rua que lhes incutem sempre a cultura de exigência do clube...Dou-lhe o exemplo de uma história que o Paulo Futre gosta de contar e que espelha bem a diferença de como se vive um clássico em Lisboa ou no Porto e a cultura diferente dos clubes.
O Paulo contava que quando jogava no Benfica ou no Sporting as pessoas na rua paravam-no para lhe para elogiar a sua prestação no jogo. No Porto, já lhe estavam a dizer, Paulo, o próximo jogo é para ganhar, até os comemos. Tinham ganho um jogo mas já estavam era a pensar no outro e que era para ganhar.
Estes jogadores do Porto que o AT dá entender que lhes dá mais ou menos igual o ser campeão na Luz tem: Diogo Costa, João Mário, Vitinha, F. Vieira e Francisco Conceição, todos da formação e portistas desde o berço, tem o capitão Pepe, tem Taremi que tem sentido na pele o que é jogar no Porto e ser alvo de campanhas da imprensa de Lisboa, o AT acha mesmo que eles não vivem a rivalidade? Ou que Hulk não percebeu na época a dimensão da rivalidade e o gozo que lhe deu ser campeão na Luz, mais ainda com a vergonha que foi o processo do túnel?
Haverá maior privilégio que fazer a festa no estádio do maior rival, com transmissão da televisão desse clube que, incrivelmente, tem o direito de transmitir jogos e pode até lembrar-se de cortar a transmissão da festa... Mas claro que isso não é importante falar, é tudo coisas que a malta do Porto imagina e que nunca aconteceram...
E sei que não vai querer falar de imprensa...Mas, também vamos acreditar que é casual que em semana de clássico na Luz que pode ditar o título para o Porto, a Bola conseguiu inventar um caso sobre Ruben Semedo, fazendo um dos artigos mais ignóbeis e dando uma alegada notícia que é talvez das mais ridículas da história do jornalismo desportivo em Potugal, é casual que logo no dia a seguir dá destaque no seu site que o empresário de Cassilas que alegadamente o trouxe para o Porto foi condenado, quando depois se lê a notícias e a mesma nada tem a ver com o F. C. Porto ou será obviamente casualidade que o mesmo jornal fez uma 1ª página sobre ciclismo ( algo raro) para falar de doping associado ao F. C. Porto e, dias depois, sabe-se que os resultados das análises feitas aos ciclistas do F. C. Porto vêm todos negativos e nem uma notícia faz sobre o tema.
Claro que tudo isto é casual, tal como o sistema de todos os dias antes do clássico colocar uma notícia negativa associando o F. C. Porto enquanto se desdobram em odes ao novo Benfica que aí vem, a grande revolução de Schmidt, o novo Guardiola.
Mas será curiosidade, tal como o João Querido Manha não ser antiportista, quando estao no youtube para a posteridade comentários míticos da dupla Manha/ Valdemar Duarte, quando podiam comentar jogos na TVI, obviamente de forma totalmente isenta e imparcial...Com Manha num jogo com Académica em que é marcado um penalti contra o Porto, praticamente celebra esse penalti, e afirma ser penalti perante as imagens que o desmentem e demonstram uma simulação grosseira. Mas Manha tem ainda a manha ( desculpe o trocadilho) para dizer: algo raro de acontecer, ser marcado um penalti contra o Porto....Comentário obviamente inocente, acompanhado logo a seguir por uma estatística que estava na ponta da língua, própria de quem perde muito tempo a fazer essas contas...;) E Valdemar Duarte, o tal que depois também soltou a franga na BTV ( curioso onde foi parar, tal como Farinha e Rui Pedro Braz, obviamente que nada tem a ver com favores ou benfiquismo militante enquanto profissionais alegadamente independentes) , que comentava jogos recusando-se a dizer o nome dos jogadores do F.C. Porto, isto por entre insultos e impropérios em relação aos mesmos...Outro grande profissional, sem dúvida. Uma grande referência, que saudades dessa dupla mágica.
Tenho a esperança que o Benfica entre apenas para discutir os três pontos , essa é a mentalidade correta . Se entrar a Pensar apenas na vitória como um meio de impedir a festa do rival estará mais próximo da derrota . O impedimento da festa será uma consequência dos 3 pontos e consequente vitória , não o ponto principal do jogo .
Ponto prévio. Se mais provas fossem necessárias para demonstrar o absurdo que é ter jogos transmitidos nos canais dos clubes, a hipótese, a fortíssima hipótese, da Benfica TV ter o exclusivo da festa do Porto é a evidência dessa patetice. Nem como negócio faz o menor sentido para o tal futebol indústria.
Quanto ao jogo, paradoxalmente, o Benfica terá mais a perder do que o Porto. Caso o não ganhe, o Porto apenas adia a festa, que até será feita em casa. A ideia da festa na Luz à espera de regas e afins apenas move a arruaça e as vozes do contra tudo e contra todos que, como não me canso de insistir, não faz sentido nenhum. Já o Benfica, se perder, é a capitulação, o epílogo triste de uma equipa que um dia prometeu arrasar e chega ao fim sem nada para mostrar. Ganhar, para o Benfica, será mais do que uma vitória moral. Será o ponto de partida para uma nova época consciente de que pode fazer frente aos rivais (já ganhou em Alvalade). E será a última hipótese de alguns jogadores mostrarem que afinal não são um flop.
Até num jogo em que potencialmente o Porto será campeão se consegue fazer uma crítica velada ao clube e aos seus adeptos.
A velha questão da visão centralista que não vê diferença de tratamento, não vê que vivemos num país centralista, porque fala sempre da perspetiva de privilégio e não conhece, de todo, o outro lado e o que sentem, ao longo de décadas, quem está do outro lado e vê o seu mérito ser menosprezado. E claro, fica fácil quando depois quando se apontam dados concretos, nomeadamente na imprensa, e aí diz-se que não se quer comentar.
Outra coisa, é assim tão anormal ter o prazer de se celebrar um título na casa do seu maior rival? Isto só pode vir de alguém que nunca sentiu esse prazer extremo ( e, no caso, o Benfica e o Sporting que eu sabia, nunca foram campeões a jogar na casa do F. C. Porto).
Só pode vir de quem não sentiu o estádio do Dragão a estremecer no golo de Kelvin e o prazer supremo de conquistar um título frente ao maior rival ( ou encaminha-lo).
Não entende o que significa ir a casa do seu maior rival e não deixar margem para dúvidas da sua superioridade, levando ao ponto do rival ter o mau perder de ligar a rega e apagar a luz, algo que se fosse o F.C. Porto a fazer merecia investigações e repúdio nacional pelos comentadores e jornalistas em geral mas que, à época levou até que o próprio Jorge Jesus brincasse com o tema dizendo que não era eletricista. Muitos lestos a lançar suspeições e meter processos contra o Portimonense, o Benfica teve algum processo? Tem noção do perigo que constituiu para as pessoas que ainda estavam no estádio, ficarem completamente às escuras e com adeptos do Benfica ainda a saírem do estádio?
Quem não percebe a dimensão de uma rivalidade no desporto e o que ela significa, enquanto fenómeno social, também não percebe do jogo.
E gostando de história, poderá estudar os primórdios do futebol e o seu surgimento no Reino Unido e como as grandes rivalidades, inclusive as regionais, catalizaram a paixão pelo jogo, o interesse e a conexão entre uma determinada região e o seu clube.
Ver nisso algo mau, menor ou que revele algum tipo de complexo, é não conseguir entender o jogo na sua dimensão histórico-social. É esperar que o futebol viva num ambiente estéril quando o futebol veio das ruas, de sujar a roupa e não de polos aprumados do golf ou de desportos praticados essencialmente por elites como F1 ou Ténis.
Ontem o Josias dizia que era por isto que o nosso futebol não evoluía. E eu contrapus, mas alguém acha que um adepto do United quer ver o City a ganhar uma champions ou vice versa?
Para um adepto do Barcelona é-lhe indiferente ser campeão em pleno Santiago Bernabeu?
A rivalidade faz parte do jogo e também é o que potencializa que cada competidor esteja sempre alerta e a querer superar-se.
Em realação aos jogadores, em relação aos do Benfica, até poderei aceitar...mas em relação aos do Porto, achar que eles não entendem a dimensão deste jogo, da rivalidade e do que significa para todos ganhar o campeonato na Luz, é não conhecer de todo a realidade do contexto do Porto.
E pode ler os vários testemunhos ( durante esta semana no Jogo tem vários por onde escolher) de jogadores que não nasceram no Porto mas que beberam da sua cultura e essa não acontece apenas dentro do Olival. Os jogadores não são mentecaptos e têm até cada vez mais acesso à informação. Mas para além disso, faz parte da cultura da própria cidade. Eles saem. Eles vão às compras, vão almoçar e jantar fora, passear etc. E são abordados pelas pessoas na rua que lhes incutem sempre a cultura de exigência do clube...Dou-lhe o exemplo de uma história que o Paulo Futre gosta de contar e que espelha bem a diferença de como se vive um clássico em Lisboa ou no Porto e a cultura diferente dos clubes.
O Paulo contava que quando jogava no Benfica ou no Sporting as pessoas na rua paravam-no para lhe para elogiar a sua prestação no jogo. No Porto, já lhe estavam a dizer, Paulo, o próximo jogo é para ganhar, até os comemos. Tinham ganho um jogo mas já estavam era a pensar no outro e que era para ganhar.
Estes jogadores do Porto que o AT dá entender que lhes dá mais ou menos igual o ser campeão na Luz tem: Diogo Costa, João Mário, Vitinha, F. Vieira e Francisco Conceição, todos da formação e portistas desde o berço, tem o capitão Pepe, tem Taremi que tem sentido na pele o que é jogar no Porto e ser alvo de campanhas da imprensa de Lisboa, o AT acha mesmo que eles não vivem a rivalidade? Ou que Hulk não percebeu na época a dimensão da rivalidade e o gozo que lhe deu ser campeão na Luz, mais ainda com a vergonha que foi o processo do túnel?
Haverá maior privilégio que fazer a festa no estádio do maior rival, com transmissão da televisão desse clube que, incrivelmente, tem o direito de transmitir jogos e pode até lembrar-se de cortar a transmissão da festa... Mas claro que isso não é importante falar, é tudo coisas que a malta do Porto imagina e que nunca aconteceram...
E sei que não vai querer falar de imprensa...Mas, também vamos acreditar que é casual que em semana de clássico na Luz que pode ditar o título para o Porto, a Bola conseguiu inventar um caso sobre Ruben Semedo, fazendo um dos artigos mais ignóbeis e dando uma alegada notícia que é talvez das mais ridículas da história do jornalismo desportivo em Potugal, é casual que logo no dia a seguir dá destaque no seu site que o empresário de Cassilas que alegadamente o trouxe para o Porto foi condenado, quando depois se lê a notícias e a mesma nada tem a ver com o F. C. Porto ou será obviamente casualidade que o mesmo jornal fez uma 1ª página sobre ciclismo ( algo raro) para falar de doping associado ao F. C. Porto e, dias depois, sabe-se que os resultados das análises feitas aos ciclistas do F. C. Porto vêm todos negativos e nem uma notícia faz sobre o tema.
Claro que tudo isto é casual, tal como o sistema de todos os dias antes do clássico colocar uma notícia negativa associando o F. C. Porto enquanto se desdobram em odes ao novo Benfica que aí vem, a grande revolução de Schmidt, o novo Guardiola.
Mas será curiosidade, tal como o João Querido Manha não ser antiportista, quando estao no youtube para a posteridade comentários míticos da dupla Manha/ Valdemar Duarte, quando podiam comentar jogos na TVI, obviamente de forma totalmente isenta e imparcial...Com Manha num jogo com Académica em que é marcado um penalti contra o Porto, praticamente celebra esse penalti, e afirma ser penalti perante as imagens que o desmentem e demonstram uma simulação grosseira. Mas Manha tem ainda a manha ( desculpe o trocadilho) para dizer: algo raro de acontecer, ser marcado um penalti contra o Porto....Comentário obviamente inocente, acompanhado logo a seguir por uma estatística que estava na ponta da língua, própria de quem perde muito tempo a fazer essas contas...;) E Valdemar Duarte, o tal que depois também soltou a franga na BTV ( curioso onde foi parar, tal como Farinha e Rui Pedro Braz, obviamente que nada tem a ver com favores ou benfiquismo militante enquanto profissionais alegadamente independentes) , que comentava jogos recusando-se a dizer o nome dos jogadores do F.C. Porto, isto por entre insultos e impropérios em relação aos mesmos...Outro grande profissional, sem dúvida. Uma grande referência, que saudades dessa dupla mágica.
Tenho a esperança que o Benfica entre apenas para discutir os três pontos , essa é a mentalidade correta . Se entrar a Pensar apenas na vitória como um meio de impedir a festa do rival estará mais próximo da derrota . O impedimento da festa será uma consequência dos 3 pontos e consequente vitória , não o ponto principal do jogo .
Ponto prévio. Se mais provas fossem necessárias para demonstrar o absurdo que é ter jogos transmitidos nos canais dos clubes, a hipótese, a fortíssima hipótese, da Benfica TV ter o exclusivo da festa do Porto é a evidência dessa patetice. Nem como negócio faz o menor sentido para o tal futebol indústria.
Quanto ao jogo, paradoxalmente, o Benfica terá mais a perder do que o Porto. Caso o não ganhe, o Porto apenas adia a festa, que até será feita em casa. A ideia da festa na Luz à espera de regas e afins apenas move a arruaça e as vozes do contra tudo e contra todos que, como não me canso de insistir, não faz sentido nenhum. Já o Benfica, se perder, é a capitulação, o epílogo triste de uma equipa que um dia prometeu arrasar e chega ao fim sem nada para mostrar. Ganhar, para o Benfica, será mais do que uma vitória moral. Será o ponto de partida para uma nova época consciente de que pode fazer frente aos rivais (já ganhou em Alvalade). E será a última hipótese de alguns jogadores mostrarem que afinal não são um flop.