A Liga portuguesa mudou na última década. Não só passou a celebrar campeões "perfeitos" como deixa uma equipa à beira da perfeição sem nada. E isso não é nada saudável, pois "criminaliza" a falha.
Falta talvez criar um núcleo constante de equipas na classe média que sejam capazes de roubar pontos aos grandes como o foram na primeira década deste século as equipas da Madeira, o Boavista, sobretudo estes nesta altura, que até conseguiam apuramentos europeus com regularidade. Os outros, desde a segunda década, vão aparecendo mas ainda não se consolidaram. Não sei se essa falta de consolidação é boa ou má, porque pode ser apenas competitividade entre essas equipas ou incapacidade de se sustentar a bom nível por anos.
Os números não mentem, mas inclino-me para discordar do epíteto de super equipas, considerando antes que as restantes estão bem menos competitivas. Até porque nenhum dos plantéis que têm ganho campeonatos mais recentemente é de um poderio tal que justifique tanta diferença. Um ou dois benficas de jesus, o porto de vilas boas e (recuando no tempo) o Sporting de Carlos Queiroz, cujo talento merecia melhor treinador para ser campeão, isso sim, seriam equipas para terminar o campeonato sem derrotas e com quase o pleno de vitórias. Os plantéis mais recentes... De maneira nenhuma. Mas o fosso para as outras equipas agravou-se. E depois vemos na Europa que, tirando os suspeitos do costume, somos de uma pobreza franciscana. E até os suspeitos do costume não são raras as vezes que evidenciam a falta de intensidade que deriva do tal fosso que lhes permite jogar a 10 à hora na nossa liga e mesmo assim golear.
Tadeia, a questão parece simples, mas complicada ao mesmo tempo: tudo isto significa que temos verdadeiramente uma I Liga competitiva? Isto faz-me lembrar os inícios de época, quando uma equipa, que não os 3 grandes, se destaca. Vão logo os comentadores afirmar que, este ano é que é 🙂 , vamos ter um campeonato competitivo e os jornalistas que acompanham essas equipas sensação a perguntar aos treinadores até onde é que pode ir a sua equipa. Ao título? chegaram, ridiculamente, a perguntar, porque sabem que não. Tenho para mim que a I Liga é aquilo que as equipas querem e, muitas vezes, os treinadores aplicam. Olhe, talvez por isso e mesmo por isso, é que gosto tanto do "primo"...
Digam o que disserem, é mais fácil ganhar jogos com arbitragens como a de ontem a noite. E se ganharem 2 ou 3 jogos dessa forma pode ser considerado coincidência, 5, 6 ou 7 já é um padrão. É mais que óbvio que os árbitros Portugueses estão condicionados desde o apito inicial.
Se os jogos das equipas em posição de acesso as competições europeias e dos lugares de descida fossem arbitrados por árbitros estrangeiros (que também podem falhar mas não estão condicionados), a realidade da classificação seria muito diferente e este texto nunca seria escrito.
Porto, Sporting e Benfica estão a fazer um campeonato futebolisticamente pobre. A diferença substancial têm sido as arbitragens.
Não concordo nada com isso. Já vi todos serem beneficiados e prejudicados. Os árbitros erram, como é evidente, mas se quem se queixou na semana passada já acha que está tudo normal nesta e se quem se queixou nesta achava que estava tudo normal na passada, é sinal de que erram um pouco para todo o lado. As pessoas fazem barulho com as arbitragens quando não são capazes de debater o futebol. Por exemplo, ainda esta semana vi benfiquistas e portistas inundarem as redes sociais a queixar-se de benefícios ao Sporting em Guimarães. Ora o Sporting já terá sido beneficiado nalguns jogos, mas em Guimarães não creio que o tenha sido. E depois no domingo foram os sportinguistas a queixar-se de que o FC Porto foi beneficiado no Bessa. E os portistas provavelmente acharão que não. Esse é um caminho que não leva ninguém a lado nenhum - e se lhe estou a responder é porque é aqui, no Substack, que no Facebook e no Twitter nem abro esta porta, sob pena de não fazer mais nada durante o resto do dia.
Debater a arbitragem também é debater o futebol. Não o fazer, principalmente quando esta não funciona correctamente, é estar a protelar um problema.
Repito e com toda a franqueza, os árbitros estão condicionados em Portugal. Porque razão existe tanta resistência a árbitros estrangeiros a apitar jogos dos grandes em Portugal? O que têm receio que aconteça? Porque é que não havemos de terminar ou pelo menos diminuir este clima de suspeição usando árbitros estrangeiros? E se não resultar, podem sempre dizer que não vale a pena insistir, porque o resultado é o mesmo.
Concordo que todos já foram beneficiados e prejudicados mas se formos validar a quantidade de vezes que uns são beneficiados e outros prejudicados, então a balança está claramente desequilibrada. O erro não pode ser recorrente com o VAR.
E atenção, quero que a mensagem seja clara. Recuso-me a acreditar que os árbitros sejam corruptos e façam-no de forma propositada. Agora, não tenho duvidas que os árbitros estejam claramente condicionados, e que esse condicionamento leve invariavelmente a que situações iguais sejam apitadas de forma diferente, com prejuizo recorrente dos mesmos.
Digam-me António Tadeia, acha que o facto do Benfica estar constantemente na mira da comunicação social e dos outros clubes, com suspeições (sejam elas fundadas ou infundadas), não leva a que os árbitros decidam, na maioria das vezes, a favor do adversário em prejuizo do Benfica, até como forma de se defenderem de ataques publicos futuros?
Já existiram vários jogos mas um dos exemplos mais recentes - e para mim grave - ocorreu ontem no jogo do Boavista vs Porto.
Dois lances de pitons/sola no tornozelo/pé do adversário do Porto, um dos casos, numa entrada por trás, sem hipótese de jogar a bola e com alerta do VAR e visualização do ASD, que deu amarelo no lance. A minha avaliação do lance é que foi, no minimo, ridicula a decisão de ASD.. O árbitro irá escudar-se com a desculpa da intensidade.
Mas a minha opinião nem vai no sentido de particularizar em jogos onde este ou o outro árbitro falharam. A minha questão vai mesmo no sentido de saber qual é o receio em usarmos árbitros estrangeiros?
Terá um árbitro estrangeiro a mesma "dificuldade" em expulsar um jogador dos 3 grandes, antes do 10m de jogo, quando estes jogam no seu estádio cheio?
Terá um árbitro estrangeiro "duvidas" em apontar um penalti contra um dos 3 grandes?
Será que a quantidade de "erros" irá manter-se, diminuir ou aumentar com árbitros estrangeiros?
Tudo isto são questões que no meu entender são válidas. Compreendo que a classe arbitral não goste da estratégia ou das questões. Na realidade, será mesmo a resposta a algumas destas questões que podem vir a não ser do agrado da classe.
PS: Obrigado pela resposta. Nâo quero que isto se transforme num caso do Benfica, Porto ou Sporting, mas sim numa pergunta mais transversal. Porque não árbitros estrangeiros? Qual é o receio?
Não tem a ver com relevância ou pertinência. Tem a ver com falta de respostas válidas. O senhor tem uma opinião: acha que se vierem árbitros estrangeiros se resolvem os problemas. Eu tenho outra: acho isso irrelevante. Mas não é algo que possamos vir a confrontar com a realidade, pelo que não sei o que mais quer que lhe diga. Não me oporia a uma Liga internacional de árbitros e a nomeações para TODOS OS JOGOS DE TODAS AS LIGAS (ou pelo menos das dez maiores, por exemplo) de árbitros estrangeiros. Um sistema em que os nossos só apitavam lá fora e os jogos de cá eram apitados por estrangeiros. Mas não só isso ficaria bastante caro como me parece que acabaria por ser irrelevante. Porque no meio disto tudo não entendo se o Nélson acha que os árbitros estão comprados ou se são apenas influenciáveis e apitam a favor dos mais poderosos - ora também os estrangeiros sabem quem são os mais poderosos e se os nossos o são, também eles são subornáveis.
Por fim, deixe-me só dizer-lhe uma coisa: se deixo de responder aos vossos comentários é porque, das duas uma: ou não tenho mais nada a acrescentar ou já segui em frente. Desde a publicação deste texto já publiquei mais quatro conteúdos que me deram muito trabalho a produzir (um Futebol de Verdade de 45 minutos, um Último Passe, um F80 e um estudo quantitativo sobre a renovação da seleção). Não interrompo threads por achar que os temas são incómodos.
Falta talvez criar um núcleo constante de equipas na classe média que sejam capazes de roubar pontos aos grandes como o foram na primeira década deste século as equipas da Madeira, o Boavista, sobretudo estes nesta altura, que até conseguiam apuramentos europeus com regularidade. Os outros, desde a segunda década, vão aparecendo mas ainda não se consolidaram. Não sei se essa falta de consolidação é boa ou má, porque pode ser apenas competitividade entre essas equipas ou incapacidade de se sustentar a bom nível por anos.
Os números não mentem, mas inclino-me para discordar do epíteto de super equipas, considerando antes que as restantes estão bem menos competitivas. Até porque nenhum dos plantéis que têm ganho campeonatos mais recentemente é de um poderio tal que justifique tanta diferença. Um ou dois benficas de jesus, o porto de vilas boas e (recuando no tempo) o Sporting de Carlos Queiroz, cujo talento merecia melhor treinador para ser campeão, isso sim, seriam equipas para terminar o campeonato sem derrotas e com quase o pleno de vitórias. Os plantéis mais recentes... De maneira nenhuma. Mas o fosso para as outras equipas agravou-se. E depois vemos na Europa que, tirando os suspeitos do costume, somos de uma pobreza franciscana. E até os suspeitos do costume não são raras as vezes que evidenciam a falta de intensidade que deriva do tal fosso que lhes permite jogar a 10 à hora na nossa liga e mesmo assim golear.
Maior fã
Paulo Neves
Tadeia, a questão parece simples, mas complicada ao mesmo tempo: tudo isto significa que temos verdadeiramente uma I Liga competitiva? Isto faz-me lembrar os inícios de época, quando uma equipa, que não os 3 grandes, se destaca. Vão logo os comentadores afirmar que, este ano é que é 🙂 , vamos ter um campeonato competitivo e os jornalistas que acompanham essas equipas sensação a perguntar aos treinadores até onde é que pode ir a sua equipa. Ao título? chegaram, ridiculamente, a perguntar, porque sabem que não. Tenho para mim que a I Liga é aquilo que as equipas querem e, muitas vezes, os treinadores aplicam. Olhe, talvez por isso e mesmo por isso, é que gosto tanto do "primo"...
Digam o que disserem, é mais fácil ganhar jogos com arbitragens como a de ontem a noite. E se ganharem 2 ou 3 jogos dessa forma pode ser considerado coincidência, 5, 6 ou 7 já é um padrão. É mais que óbvio que os árbitros Portugueses estão condicionados desde o apito inicial.
Se os jogos das equipas em posição de acesso as competições europeias e dos lugares de descida fossem arbitrados por árbitros estrangeiros (que também podem falhar mas não estão condicionados), a realidade da classificação seria muito diferente e este texto nunca seria escrito.
Porto, Sporting e Benfica estão a fazer um campeonato futebolisticamente pobre. A diferença substancial têm sido as arbitragens.
Não concordo nada com isso. Já vi todos serem beneficiados e prejudicados. Os árbitros erram, como é evidente, mas se quem se queixou na semana passada já acha que está tudo normal nesta e se quem se queixou nesta achava que estava tudo normal na passada, é sinal de que erram um pouco para todo o lado. As pessoas fazem barulho com as arbitragens quando não são capazes de debater o futebol. Por exemplo, ainda esta semana vi benfiquistas e portistas inundarem as redes sociais a queixar-se de benefícios ao Sporting em Guimarães. Ora o Sporting já terá sido beneficiado nalguns jogos, mas em Guimarães não creio que o tenha sido. E depois no domingo foram os sportinguistas a queixar-se de que o FC Porto foi beneficiado no Bessa. E os portistas provavelmente acharão que não. Esse é um caminho que não leva ninguém a lado nenhum - e se lhe estou a responder é porque é aqui, no Substack, que no Facebook e no Twitter nem abro esta porta, sob pena de não fazer mais nada durante o resto do dia.
Respeito a opinião mas não concordo.
Debater a arbitragem também é debater o futebol. Não o fazer, principalmente quando esta não funciona correctamente, é estar a protelar um problema.
Repito e com toda a franqueza, os árbitros estão condicionados em Portugal. Porque razão existe tanta resistência a árbitros estrangeiros a apitar jogos dos grandes em Portugal? O que têm receio que aconteça? Porque é que não havemos de terminar ou pelo menos diminuir este clima de suspeição usando árbitros estrangeiros? E se não resultar, podem sempre dizer que não vale a pena insistir, porque o resultado é o mesmo.
Concordo que todos já foram beneficiados e prejudicados mas se formos validar a quantidade de vezes que uns são beneficiados e outros prejudicados, então a balança está claramente desequilibrada. O erro não pode ser recorrente com o VAR.
E atenção, quero que a mensagem seja clara. Recuso-me a acreditar que os árbitros sejam corruptos e façam-no de forma propositada. Agora, não tenho duvidas que os árbitros estejam claramente condicionados, e que esse condicionamento leve invariavelmente a que situações iguais sejam apitadas de forma diferente, com prejuizo recorrente dos mesmos.
Digam-me António Tadeia, acha que o facto do Benfica estar constantemente na mira da comunicação social e dos outros clubes, com suspeições (sejam elas fundadas ou infundadas), não leva a que os árbitros decidam, na maioria das vezes, a favor do adversário em prejuizo do Benfica, até como forma de se defenderem de ataques publicos futuros?
Quais foram, no seu entender, os jogos em que a arbitragem teve influência no resultado a envolver os três grandes?
Já existiram vários jogos mas um dos exemplos mais recentes - e para mim grave - ocorreu ontem no jogo do Boavista vs Porto.
Dois lances de pitons/sola no tornozelo/pé do adversário do Porto, um dos casos, numa entrada por trás, sem hipótese de jogar a bola e com alerta do VAR e visualização do ASD, que deu amarelo no lance. A minha avaliação do lance é que foi, no minimo, ridicula a decisão de ASD.. O árbitro irá escudar-se com a desculpa da intensidade.
Mas a minha opinião nem vai no sentido de particularizar em jogos onde este ou o outro árbitro falharam. A minha questão vai mesmo no sentido de saber qual é o receio em usarmos árbitros estrangeiros?
Terá um árbitro estrangeiro a mesma "dificuldade" em expulsar um jogador dos 3 grandes, antes do 10m de jogo, quando estes jogam no seu estádio cheio?
Terá um árbitro estrangeiro "duvidas" em apontar um penalti contra um dos 3 grandes?
Será que a quantidade de "erros" irá manter-se, diminuir ou aumentar com árbitros estrangeiros?
Tudo isto são questões que no meu entender são válidas. Compreendo que a classe arbitral não goste da estratégia ou das questões. Na realidade, será mesmo a resposta a algumas destas questões que podem vir a não ser do agrado da classe.
PS: Obrigado pela resposta. Nâo quero que isto se transforme num caso do Benfica, Porto ou Sporting, mas sim numa pergunta mais transversal. Porque não árbitros estrangeiros? Qual é o receio?
Infelizmente, parece-me que a discussão saudável terminou aqui... talvez o tema não seja relevante ou pertinente.
Não tem a ver com relevância ou pertinência. Tem a ver com falta de respostas válidas. O senhor tem uma opinião: acha que se vierem árbitros estrangeiros se resolvem os problemas. Eu tenho outra: acho isso irrelevante. Mas não é algo que possamos vir a confrontar com a realidade, pelo que não sei o que mais quer que lhe diga. Não me oporia a uma Liga internacional de árbitros e a nomeações para TODOS OS JOGOS DE TODAS AS LIGAS (ou pelo menos das dez maiores, por exemplo) de árbitros estrangeiros. Um sistema em que os nossos só apitavam lá fora e os jogos de cá eram apitados por estrangeiros. Mas não só isso ficaria bastante caro como me parece que acabaria por ser irrelevante. Porque no meio disto tudo não entendo se o Nélson acha que os árbitros estão comprados ou se são apenas influenciáveis e apitam a favor dos mais poderosos - ora também os estrangeiros sabem quem são os mais poderosos e se os nossos o são, também eles são subornáveis.
Por fim, deixe-me só dizer-lhe uma coisa: se deixo de responder aos vossos comentários é porque, das duas uma: ou não tenho mais nada a acrescentar ou já segui em frente. Desde a publicação deste texto já publiquei mais quatro conteúdos que me deram muito trabalho a produzir (um Futebol de Verdade de 45 minutos, um Último Passe, um F80 e um estudo quantitativo sobre a renovação da seleção). Não interrompo threads por achar que os temas são incómodos.
Cumprimentos.