Três pontos arrancados a ferros
As dificuldades para o Benfica aumentam à medida que os adversários vão conhecendo melhor o futebol de Schmidt. Ontem, frente ao FC Vizela, os líderes só ganharam com um golo de penalti nos descontos.

A explosão de um Estádio da Luz muito bem composto de público quando, aos 90+12’, João Mário marcou, de penalti, o golo da extremamente complicada vitória (2-1) sobre o FC Vizela poderia dar a entender que grandes conquistas tinham sido obtidas e não que os encarnados se tinham limitado a segurar a liderança isolada da Liga, à quinta jornada. Aquele golo libertou do estado de ansiedade os adeptos e até o presidente Rui Costa, que baixou ao relvado para a festa da obtenção de três pontos que já não pareciam atingíveis. Hoje quase só se falará do penalti, assinalado aos 90+9’, por mão de Diego Rosa em remate de Rafa – e também deixarei aqui a minha opinião, no parágrafo relativo à arbitragem, como sempre a encerrar a crónica. E é pena, porque não tendo o jogo sido particularmente feliz da parte do Benfica, ele trouxe muita riqueza estratégica, pois o FC Vizela mostrou mais uma forma de travar este Benfica. A equipa de Roger Schmidt somou a nona vitória nos nove jogos oficiais que leva a época, mas as últimas duas, em casa, já foram pela margem mínima e de virada.
Álvaro Pacheco já tinha ficado a um par de minutos de pontuar contra o FC Porto, anulando o 4x3x3 interior dos dragões com um sistema defensivo que colocava três linhas estreitas, de quatro, três e três homens, na proteção da área, e concedendo ao adversário o domínio das laterais – que os dragões não tinham armas para explorar (pode ler aqui a análise desse jogo). Ontem, ante o Benfica, Pacheco introduziu uma nuance. Quando os encarnados iniciavam a sua organização ofensiva, o FC Vizela tinha essas mesmas três linhas, a primeira delas, com Nuno Moreira à esquerda, a bloquear a entrada da bola em Gilberto e a convidar os quatro homens que o Benfica tem sempre naquela fase a ligarem o jogo com Grimaldo, o lateral do outro lado. A segunda linha vizelense já se inclinava mais para a direita. Além de que, assim que a bola entrava no lateral espanhol, o extremo Nuno Moreira baixava para lhe dar largura, transformando o 4x3x3 em 4x4x2 assim que se colocava ao lado de Méndez, Guzzo e Samu. Schmidt apresentou o onze habitual e a forma de jogar do costume, com os três apoiantes do ponta-de-lança sempre muito por dentro, em busca de ligações interiores, e com os dois laterais a darem largura no ataque.