Marcano salva FC Porto amordaçado
A organização defensiva do FC Vizela cortou sempre as vias de abastecimento a quem neste FC Porto mais perigo cria. E os campeões nacionais só marcaram aos 90', de bola parada.
Foi arrancada a ferros a segunda vitória do FC Porto na Liga. O golo que valeu os três pontos frente ao FC Vizela (1-0) chegou apenas ao minuto 90, numa cabeçada de Marcano, após livre lateral da esquerda que Stephen Eustáquio bateu para um excelente cruzamento de Galeno, a última e decisiva cartada que Sérgio Conceição lançou para o campo. De resto, a história de um jogo que quase não teve ocasiões flagrantes de golo resume-se a um fim de tarde de pouca inspiração individual e coletiva dos campeões nacionais, quase sempre anulados pela organização defensiva de Álvaro Pacheco, elaborada em torno de três linhas pouco largas mas sempre bem coordenadas e complementares, eficazes a cortar as vias de abastecimento dos dragões na largura.
Sabendo que o FC Porto sai a três, com a intrusão de Uribe entre os dois centrais, Pacheco nem se preocupou com essa primeira fase de construção ou com a entrada da bola nos dois médios interiores, Grujic e Pepê. O que ele não queria era que, aqui chegada, ela pudesse vir a encontrar os dois laterais ou os três avançados do losango portista. Com Diego Rosa, Guzzo e Samu, o FC Vizela fazia sombra aos três atacantes, Evanilson, Namaso e Taremi, que ainda por cima eram pressionados pela chegada da última linha defensiva. Ao mesmo tempo, o arco feito pela linha média – onde não havia claramente um trinco, colocado uns metros atrás, mas sim uma reação dinâmica à posição da bola em cada momento – tapava as linhas de passe para João Mário e Zaidu, os dois laterais, que no processo do FC Porto avançam muito cedo mas ficavam, assim, isolados. O resultado – apesar de algumas tentativas, sobretudo de Taremi, de sair da “sombra” da linha média da equipa da casa, permitindo que Zaidu se mostrasse ao início de construção – foi um jogo em que o FC Porto mostrou pouca progressão: de acordo com os dados do GoalPoint ficou-se pelos 61 por cento de eficácia no passe vertical, bem abaixo dos 77 por cento do Sporting contra o Rio Ave, dos 73 por cento do Benfica ante o Casa Pia ou até dos 68 por cento que a equipa portista conseguira no desafio da primeira ronda, com o Marítimo, e sobretudo dos 78 por cento que obteve na Supertaça contra o CD Tondela.