A entrevista ao selecionador permitiu-me entender um pouco melhor uma das contradições do jogo da equipa nacional. Não tem a ver com ser defensivo, mas sim com conservadorismo e noções de segurança.
Os jogos particulares de nada valem, o lugar na selecção ganha-se e a evolução do jogador dá-se no clube e não na selecção. Considero essa ideia da necessidade de "ir lançando" o jogador na selecção para ganhar o lugar, simplesmente absurda, pois é no clube que o jogador trabalha a maior parte do tempo, é aí que se faz jogador, a experiência internacional vai se ganhando, até mesmo nas competições europeias. Os selecionadores pode e devem lançar os jogadores nos jogos a sério ou usam a Liga das Nações para o efeito.
É preciso correr riscos ou os jogadores nunca ganharão experiência e entrosamento. E a Liga das Nações serve para isso. Convenhamos que não tem a importância de um Europeu ou de um Mundial, mas tem a dose de responsabilidade certa para se aferir das qualidades dos jogadores. A questão dos centrais é nuclear para a seleção.
Entrevista bastante interessante a partir do momento em que Fernando Santos esqueceu as generalidades iniciais e recentrou as respostas em factos concretos. Ajudou a perceber alguma da filosofia e das decisões subjacentes, deixando à evidência duas contradições que o selecionador ainda não resolveu. Admite que quer um jogo de 80% de ataque apoiado, mas escolhe, na maioria das vezes, equipas iniciais cujos avançados privilegiam outro tipo de ataque. Depois, admite que Ronaldo tem de jogar mais perto da área, ser essencialmente finalizador, mas nos jogos não é isso que se vê, o capitão tenta acudir a todo o lado e depois falta-nos a referência na área. O selecionador não consegue passar-lhe a mensagem, ou o estatuto de Ronaldo dificulta? (Atenção que continuo a achar que não podemos dar-nos ao luxo de dispensar Cristiano)
De resto, mesmo sem deslumbrar, também não alinho na ideia de que a equipa de 2016 jogava mal. Nem que teve a vida facilitada pelos adversários que encontrou. Podia ter jogado contra mais "tubarões"? Podia. Mas veja-se o percurso da outra finalista e verifica-se que, à exceção da meia-final, os demais adversários foram bem simpáticos. E nós eliminamos a Polónia, excelente equipa, e sobretudo a Croácia, das melhores do mundo, como se provou no Mundial seguinte.
Na questão dos centrais, a explicação é legítima, mas agudiza a preocupação. Mas algum dia será dia para os mais novos jogarem? Há de haver sempre risco. E Pepe apesar de parecer, não é eterno.
De Ronaldo é simples, independentemente do estatuto e da extrema importância que tem, se recebe indicações técnicas e age em contrário, é um problema e deve sair. Não cabe a Ronaldo escolher onde joga e como joga, por muito estatuto que tenha.
Não há nenhum momento da entrevista em que Santos diga que ele desobedece a ordens. Ele diz que ele próprio constrói a equipa de acordo com as caraterísticas dos jogadores. Se o Ronaldo sai, tem de se fazer a equipa de maneira a que funcione com ele a sair.
Não é fácil. Gerir um balneário, ainda mais de seleção, implica muito tato. E continuo a dizer que não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar Ronaldo. Nem creio que seja uma questão de desobedecer. Antes de ânsia de querer resolver e ser útil. Mas muitas vezes o esforço é contraproducente. E Ronaldo terá de perceber isso.
Muito boa entrevista. Questões nunca antes feitas respondidas e clarificadas. Faltou mais qualquer coisas mas o tempo também é pouco, abraço e continuação de bom trabalho.
Com o seu recente trabalho de entrevistas mensais, finalmente subscrevi o seu substack, para dessa forma contribuir para o sucesso e o seguimento do seu bom trabalho.
Os jogos particulares de nada valem, o lugar na selecção ganha-se e a evolução do jogador dá-se no clube e não na selecção. Considero essa ideia da necessidade de "ir lançando" o jogador na selecção para ganhar o lugar, simplesmente absurda, pois é no clube que o jogador trabalha a maior parte do tempo, é aí que se faz jogador, a experiência internacional vai se ganhando, até mesmo nas competições europeias. Os selecionadores pode e devem lançar os jogadores nos jogos a sério ou usam a Liga das Nações para o efeito.
Não é para ganhar o lugar. É para se habituar à equipa e ganhar experiência.
Pode e deve fazê-lo nos jogos a doer. Os clubes também contratam jogadores em janeiro e muitas vezes lançam de imediato.
É preciso correr riscos ou os jogadores nunca ganharão experiência e entrosamento. E a Liga das Nações serve para isso. Convenhamos que não tem a importância de um Europeu ou de um Mundial, mas tem a dose de responsabilidade certa para se aferir das qualidades dos jogadores. A questão dos centrais é nuclear para a seleção.
Entrevista bastante interessante a partir do momento em que Fernando Santos esqueceu as generalidades iniciais e recentrou as respostas em factos concretos. Ajudou a perceber alguma da filosofia e das decisões subjacentes, deixando à evidência duas contradições que o selecionador ainda não resolveu. Admite que quer um jogo de 80% de ataque apoiado, mas escolhe, na maioria das vezes, equipas iniciais cujos avançados privilegiam outro tipo de ataque. Depois, admite que Ronaldo tem de jogar mais perto da área, ser essencialmente finalizador, mas nos jogos não é isso que se vê, o capitão tenta acudir a todo o lado e depois falta-nos a referência na área. O selecionador não consegue passar-lhe a mensagem, ou o estatuto de Ronaldo dificulta? (Atenção que continuo a achar que não podemos dar-nos ao luxo de dispensar Cristiano)
De resto, mesmo sem deslumbrar, também não alinho na ideia de que a equipa de 2016 jogava mal. Nem que teve a vida facilitada pelos adversários que encontrou. Podia ter jogado contra mais "tubarões"? Podia. Mas veja-se o percurso da outra finalista e verifica-se que, à exceção da meia-final, os demais adversários foram bem simpáticos. E nós eliminamos a Polónia, excelente equipa, e sobretudo a Croácia, das melhores do mundo, como se provou no Mundial seguinte.
Na questão dos centrais, a explicação é legítima, mas agudiza a preocupação. Mas algum dia será dia para os mais novos jogarem? Há de haver sempre risco. E Pepe apesar de parecer, não é eterno.
De Ronaldo é simples, independentemente do estatuto e da extrema importância que tem, se recebe indicações técnicas e age em contrário, é um problema e deve sair. Não cabe a Ronaldo escolher onde joga e como joga, por muito estatuto que tenha.
Não há nenhum momento da entrevista em que Santos diga que ele desobedece a ordens. Ele diz que ele próprio constrói a equipa de acordo com as caraterísticas dos jogadores. Se o Ronaldo sai, tem de se fazer a equipa de maneira a que funcione com ele a sair.
Não é fácil. Gerir um balneário, ainda mais de seleção, implica muito tato. E continuo a dizer que não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar Ronaldo. Nem creio que seja uma questão de desobedecer. Antes de ânsia de querer resolver e ser útil. Mas muitas vezes o esforço é contraproducente. E Ronaldo terá de perceber isso.
Muito boa entrevista. Questões nunca antes feitas respondidas e clarificadas. Faltou mais qualquer coisas mas o tempo também é pouco, abraço e continuação de bom trabalho.
Não houve FdV hoje?
Houve pois: https://youtu.be/OfYTa-qSG94
Obrigado. Não está no Spotify 😣
Tive um dia muito atarefado, só agora tive tempo para ir lá colocar o FDV. Mas no YouTube está desde as 12h30.
Com o seu recente trabalho de entrevistas mensais, finalmente subscrevi o seu substack, para dessa forma contribuir para o sucesso e o seguimento do seu bom trabalho.
Bem haja Tadeia!