A quem muda, a bola ajuda
O FC Porto mudou cinco titulares e o sistema tático. Igualou o seu recorde de recuperações altas nesta Liga e venceu bem, por 2-0, o Gil Vicente, num jogo em que não foi brilhante mas foi competente.

Na sequência do jogo mais mole que a equipa fizera em Vila do Conde, Sérgio Conceição tinha prometido um “FC Porto fortíssimo” em termos de atitude competitiva para a visita ao Gil Vicente, em Barcelos – e os jogadores cumpriram. Numa noite em que apresentaram cinco alterações ao onze inicial e em que mudaram também a estrutura tática, voltando ao seu fato mais usual, que era o híbrido entre o 4x4x2 mais clássico e um 4x3x3 assimétrico, os dragões igualaram o seu recorde de recuperações de bola no meio-campo adversário nesta Liga (as 18 que tinham conseguido na primeira jornada, com o Marítimo, em casa) e venceram por 2-0 uma partida que não foi bonita, precisamente por causa da elevada quantidade de passes perdidos que a pressão favoreceu. Taremi e Galeno marcaram os golos, o primeiro numa bela finalização, o segundo na sequência de um bem desenhado movimento coletivo, ambos na ponta final da primeira parte, permitindo que o FC Porto se mantivesse a par do Portimonense na terceira posição da tabela, a três pontos do Benfica.
David Carmo, Wendell, Stephen Eustáquio, Galeno e Toni Martínez entraram no onze inicial do FC Porto, por troca com Marcano, Zaidu, Bruno Costa, João Mário e Evanilson. A equipa precisava de se apresentar mais larga – e Galeno dava-lhe isso. Além disso, tinha de ser mais contundente e multifacetada na frente – e Toni Martínez era a resposta a essa necessidade. Conceição trocou ainda os dois laterais, aparecendo com Pepê em vez de João Mário na direita e com Wendell na vaga de Zaidu à esquerda, no que pareceu mais um castigo aos titulares de Vila do Conde do que uma necessidade de alterar nuances táticas – ainda que o comportamento dos laterais tenha sido diferente do ponto de vista tático, como veremos à frente. Além da troca, normal, de Marcano por Carmo atrás – não se paga 20 milhões por um defesa-central para o ter no banco... –, a meio-campo os dragões optaram pela inteligência tática de Eustáquio para formar duplo pivot com Uribe. Isso permitia regressar a posicionamentos mais próximos dos habituais na equipa, ainda que com interessantes variantes nascidas de uma saída de bola sempre feita em 2+3. Ou 1+2+3, porque como o próprio Conceição afirmou no final, se o FC Porto tem um guarda-redes que joga tão bem com os pés como Diogo Costa, “é preciso saber aproveitá-lo”.