O Futebol de Verdade está de volta
O Futebol de Verdade está de volta. Regressa na sexta-feira, em edição semanal e mais uma vez em novo formato, na expectativa de vir desta vez a revelar-se compensador para vocês e para mim.
O Futebol de Verdade vai voltar. A edição de regresso está apontada para sexta-feira, 28 de Março, e começa ao meio-dia e meia. O novo Futebol de Verdade vai ser semanal e, isto é novo, só pode vê-lo em direto no Substack. Fica muito mais fácil se o fizer na App, que pode instalar gratuitamente aqui, porque se assim for pode gerir as notificações de maneira a ser alertado logo no momento em que estamos a começar, mas vou na mesma enviar link convite por Mail a todos os meus subscritores, pelo que se estiver com atenção ao seu e-mail também terá condições de entrar a tempo.
O que vai ser este novo Futebol de Verdade? Vai ser um programa semanal, de cerca de 60 minutos, com análise à atualidade futebolística, resposta a perguntas vossas e antecipação da jornada do fim-de-semana, preferencialmente com um convidado. Toda a gente vai poder ver em direto, mas só no Substack. Os subscritores Premium terão a possibilidade de comentar no chat e entrar em diálogo comigo no programa. Um deles, selecionado por mim através da chat-room Perguntas do Discord, no meu servidor de Discord, e avisado com antecedência, virá ao programa colocar de viva-voz a pergunta da semana. No final do programa, que quero que seja sempre por volta das 13h30, o vídeo fica alojado no YouTube e o áudio será enviado aos subscritores Premium através do meu canal de Telegram. Estou a estudar a possibilidade de deixar o áudio no Spotify também, mas confesso que sem grande vontade de o fazer, por uma questão de princípio relativa à minha visão da relação entre a plataforma – de que sou assinante Premium – e os criadores de conteúdo. A verdade é que o Spotify é excelente para o utilizador, para si próprio, mas é exploração pura para quem o alimenta com conteúdos de forma regular.
É a minha relação com as plataformas Big Tech e com as redes sociais que explica as mudanças constantes que tenho vindo a efetuar no Futebol de Verdade. O programa, lançado em 2019, já sofreu várias interrupções e mudanças de formato, por uma razão muito simples: o mundo digital é feito disso mesmo, da busca constante de novos formatos que nos satisfaçam a todos – a mim enquanto criador e a vocês enquanto consumidores – e não só às plataformas sociais e de Big Tech.
Se não funciona, simples: mata-se e deixa-se renascer. Foi o que fiz várias vezes com o Futebol de Verdade. Acabei com o direto nas redes sociais porque estava cansado de argumentar com quem lá ia só para ‘trolar’ o programa através de confrontações estéreis, para as quais depois se deixavam arrastar os membros mais válidos desta comunidade. Percebi que isso atenuava mas não ficava resolvido fazendo o direto só no YouTube e tornei o programa exclusivo para subscritores Premium. Mas assim havia vozes a menos, perdia-se a riqueza da interatividade, pelo que adotei o diferido, sem os vossos contributos, tornando o programa basicamente um espaço de análise de jogos. Aí, porém, fui eu que não aguentei o andamento: todas as noites há futebol para analisar mas nem sempre tinha a energia para o fazer, abdicando de caminho da minha vida depois de um dia inteiro de trabalho.
É que o Futebol de Verdade não é, nunca foi, o meu trabalho. Sem patrocínio, não paga sequer a plataforma de streaming que assino para o fazer e levar até vós, que é o Streamyard. Justifico a sua realização na minha folha de horas de trabalho semanal com o gosto de poder dar voz à comunidade, mas tive de pensar duas vezes quando verifiquei que para fazer o programa estava a pôr em risco a minha capacidade de cumprir compromissos que assumira para com essa mesma comunidade, nomeadamente a produção de artigos. Foi por isso que voltei a interromper as emissões no final de Janeiro, altura em que comecei outra vez a pensar a forma como fazia o programa.
A minha trajetória recente tem sido de afastamento progressivo das redes sociais. Assumi no início de 2025 que ia deixar de fazer posts de Facebook, Instagram e Twitter ou de responder a comentários nessas plataformas, porque cada vez mais os algoritmos que a elas presidem penalizam os conteúdos sérios, neutros e rigorosos, favorecendo os que escalam a polémica estéril. Mais: essas plataformas escondem os posts com links e bombardeiam-nos com os que podem ser consumidos ali mesmo. É normal: o negócio de Musk é influência, o de Zuckerberg é manter as pessoas ali em vez de as enviar para sites alternativos onde elas possam viabilizar a sua atividade através de anúncios. Ninguém deve levar isso a mal. Mas qualquer pessoa que queira fazer vida disto tem de pensar duas vezes antes de ser cúmplice dessa realidade. Até por uma questão de sobrevivência do modelo de negócio. Ainda esta semana, num estudo da Bango, divulgado pelo analista de media Thomas Baekdal na sua newswletter, vi que o setor do jornalismo é aquele que revela a maior divergência entre propensão para o consumo e para a despesa nos lares norte-americanos. Só 15 por cento do público paga por jornalismo, mas 70 por cento desse mesmo universo recorre a notícias para estar informado. Esta diferença abissal não é sequer aproximada em outras áreas, como os serviços de streaming-vídeo (como a Netflix), o retalho (como a Amazon) ou a música (como o Spotify). Aí, quem os usa, paga por eles.

Foi em resposta a esta divergência e à propensão revelada pelas pessoas para se informarem através das redes sociais, com todo o perigo a isso associado, que nasceram plataformas como o Substack, onde o trabalho dos jornalistas é diretamente pago pelos consumidores. O meu Substack nasceu em Outubro de 2021 e é com agrado que tenho assistido, nos últimos meses, à entrada na plataforma de muitas vozes relevantes que deixaram os media mainstream para se juntarem à luta dos que tentam fazer do jornalismo outra vez um lugar onde os gatekeepers defendem a relevância e o escrutínio em vez da viralidade ou do reflexo daquilo que a maioria quer ver. A maior parte dos conteúdos do meu Substack é, ainda – e reforço o ainda –, gratuita. Não vai ser assim para sempre, porque não me será possível continuar a dedicar 40 horas de trabalho semanal a uma atividade que não me paga as contas. O jornalismo, já o vimos, é uma atividade de nicho. Ao dia de ontem – mantenho as estatísticas permanentemente atualizadas –, só 3,8 por cento do total dos meus subscritores eram Premium, seja porque entendem que apenas assim esta luta contra a tirania da viralização continua a ser possível ou – o que já é menos provável – porque a isso se sentiram impelidos pelas vantagens que lhes dá o facto de pagarem cinco euros por mês.
Com o novo Futebol de Verdade, além dos artigos exclusivos e da possibilidade de entrarem tanto no meu canal de Telegram, onde recebem os artigos lidos por mim, como no servidor de Discord, onde estou à vossa disposição para trocas de impressões constantes, terão mais uma vantagem. No final da época voltarei a fazer uma avaliação e decidirei o que faz sentido. Nessa altura vo-lo direi.
Confesso que estava a sentir falta
Excelente notícia! Por vezes ressacava do FV antes do almoço.
Compreendo a questão do Spotify, apesar de, como utilizador, me dar imenso jeito, sobretudo no ginásio.