O crescimento de Díaz
O colombiano está a ser o melhor jogador da Liga. Mais completo e influente, perfila-se como grande negócio se resistir à habitual quebra invernal e o FC Porto gerir bem a mudança de data do Mundial.
A Liga está a chegar ao primeiro terço – na realidade ainda faltam três jogos da 12ª jornada... – e a pausa para os jogos das seleções é um bom pretexto para um primeiro balanço. E nesse cotexto é justo que se diga que nenhum jogador tem sido tão importante e influente como o colombiano Luis Díaz no FC Porto. A Copa América, no Verão, já o tinha anunciado como uma das grandes promessas desta época e Díaz está a confirmar a candidatura a melhor jogador da Liga. Se o desgaste das grandes viagens a que está obrigado para representar a seleção da Colômbia lhe permitir manter o nível nos próximos meses, quando o histórico dele é de baixa invernal, pode estar aqui a próxima grande venda da Liga Portuguesa. Assim o FC Porto resolva o desafio sem precedentes que lhe coloca o facto de o próximo Mundial ser apenas em Dezembro.
Luis Díaz é o melhor marcador da Liga, com nove golos em onze jornadas, a que acrescenta duas assistências. Se o total de golos marcados pelo colombiano já supera os seus melhores números para uma Liga inteira – fizera seis em 2019/20 e outros tantos em 2020/21 –, só com o bis nos Açores igualou o seu máximo no que respeita à influência nos golos da equipa, uma vez que na época passada tinha sido responsável por cinco passes decisivos, a somar aos seis golos marcados. Tinham sido mais modestos os números na época de estreia, na qual Díaz totalizara seis golos e duas assistências na Liga. Mesmo assim, nada mal para quem acabava de chegar de outro Mundo.
O que é novo é que o colombiano acrescentou novas valências ao seu reportório, como uma recém-descoberta propensão para marcar de cabeça. Os nove golos que fez nesta edição da Liga estão irmãmente divididos entre os dois pés e a cabeça – marcou de cabeça ao Santa Clara, ao Boavista e à B SAD, de pé direito ao Marítimo, ao Sporting e ao Moreirense e de pé esquerdo ao Santa Clara, ao Moreirense e ao FC Paços de Ferreira. Dos doze golos que ele tinha feito nas duas primeiras Ligas completas, só um tinha nascido do jogo aéreo: fê-lo ao Moreirense, em 2019/20, após cruzamento de Alex Telles. De resto, marcara oito vezes de pé direito – o seu mais forte -, duas de pé esquerdo e uma outra de coxa esquerda. Díaz está, nesse aspeto, um jogador diferente, mais completo, do que aquele que feria sobretudo em contra-ataque e em jogada individual.
Ainda assim, no único jogo entre candidatos que esta Liga já conheceu – o SC Braga parece estar a deixar-se distanciar... –, fez um golaço na tal jogada que é uma das suas imagens de marca: saiu da esquerda, encarou o defesa no um para um e meteu a bola em curva junto ao poste, de pé direito. Evitou assim a derrota do FC Porto em Alvalade, assegurou que os dragões possam agora liderar a tabela e perfila-se como maior candidato a uma saída milionária do plantel no final da época.
Díaz chegou ao FC Porto em Julho de 2019, tendo os dragões pago sete milhões de euros pelo seu passe ao Junior Barranquilla, da Colômbia. Desde aí, o seu valor de mercado disparou: segundo o portal Transfermarkt, era de 13 milhões de euros no início da época passada e de 25 milhões quando começou o atual campeonato. Se as coisas continuarem a correr-lhe como até aqui, não espantará que esse valor volte a duplicar até final da época, pelo que, estando o FC Porto defendido com um contrato até Junho de 2024, rapidamente se percebe que pode ter ali um ativo muito valioso a animar o próximo defeso estival. O que é que pode correr mal? Duas coisas. Primeiro, o desgaste – e aqui penso mais no contributo que o colombiano pode dar para o sucesso desportivo da equipa de Sérgio Conceição do que numa eventual transferência. Díaz tem baixado sempre muito de rendimento quando chega o Inverno europeu: só quatro dos seus 21 golos na Liga surgiram entre os meses de Dezembro e Abril. Veremos como reage este ano, onde ainda por cima acumula o desgaste de ter jogado a Copa América, de não ter tido férias e as sucessivas viagens a que o híper-preenchido calendário de qualificação para o Mundial obriga os internacionais sul-americanos.
A segunda questão tem a ver com a forma como o próximo Mundial mexerá com o mercado. É verdade que o FC Porto está defendido no que respeita a Díaz, que tem contrato por mais dois anos e meio. Não se antevê, por isso, um berbicacho como o que afeta neste momento Corona, o melhor jogador da Liga de 2019/20, mas já uma sombra de si mesmo em 2020/21, quando o seu contrato só acabava em 2022. Quando entram no penúltimo ano de contrato, os grandes jogadores de mercados periféricos como o português pensam já muito na saída: e é isso que sucederá com Díaz na próxima época. Acontece que o FC Porto costuma pensar primeiro nos interesses desportivos e adiar as vendas ao máximo – o que já levou o clube a perder boas hipóteses de transferências milionárias com jogadores que acabaram por sair a custo zero. É, por isso, plausível que se pense que o FC Porto resista à ideia de vender no final desta época, mais ainda porque não haverá Mundial para valorizar o jogador – o Mundial de 2022 vai jogar-se só em Dezembro.
É neste equilíbrio entre o histórico do clube e a inevitável tendência aspiracional do jogador que se jogará o futuro de Díaz. E, assim só por coisas, não faria mal ao FC Porto juntar desde já mais um ano ao contrato.
Luis Diaz tem crescido bastante desde a sua entrada no FC Porto.
Passou de um jogador com um rendimento irregular e incostante,tinha rasgos de muita qualidade mas não dava continuidade a esses bons momentos.
Neste momento é um jogador com um rendimento muito bom,e isso pode-se provar com os números de assistências e golos,bem como o que faz durante os 90 min,e ainda apurou a sua capacidadede disquilibrio...e a sua capacidade física também melhorou bastante.
Está um excelente jogador e arrisco-me a dizer que no fim da temporada acabará por sair para um grande dos Big 5