O clássico do Gegenpressing
Schmidt e Conceição vão defrontar-se amanhã para se ver se a Liga fica em aberto ou se “acaba” já. De um lado um alemão, do outro um admirador confesso da Bundesliga. É a pressão no seu zénite.
Gegenpressing já é, há algum tempo, a expressão da moda no futebol europeu. Em Portugal nunca tinha sido muito utilizada, porque quem mais a advogava nas suas intervenções era um tipo moreno, de Coimbra, um treinador bastante “terra-a-terra” até, que com os seus ideais levou o FC Porto a três títulos nacionais nos últimos cinco anos. Sérgio Conceição pode elogiar a Bundesliga, elegê-la como o seu campeonato predileto, que lhe faltará sempre o sotaque germânico que sobra a Roger Schmidt, o alemão que chegou ao Benfica carregando sobre os ombros a tradição da escola criada por Ralf Rangnick, cujo representante mais ilustre é Jürgen Klopp. Amanhã (18h, BTV), no Estádio da Luz, os dois estarão frente-a-frente para o desafio que pode pôr uma pedra sobre a discussão da Liga ou reabri-la. O Benfica de Schmidt entra em campo com dez pontos de avanço sobre o FC Porto de Conceição. No final, parece mais ou menos evidente que um dos defensores do Gegenpressing sairá da Luz a sorrir. Mas afinal de contas quem é o mais fiel representante desta escola na Liga Portuguesa? Fui aos números para vos responder que é Schmidt. E que o segundo lugar nem sequer é de Conceição, mas sim de Rúben Amorim.
A ligação germânica dos dois treinadores está bem demonstrada. Schmidt nem precisaria de tal coisa, pois é alemão, jogou na Alemanha, ainda que a um nível modesto e, depois de um arranque pelos escalões inferiores, fez o tirocínio nessa máquina de futebol explosivo que é o Red Bull Salzburgo, da Áustria (de 2012 a 2014), antes de se ocupar do Leverkusen. Pode ficar a conhecer melhor a carreira e as ideias do treinador do Benfica neste texto. A Conceição, por sua vez, já se lhe ouviram uma série de declarações de amor ao futebol de estilo alemão. “O de Itália é um campeonato de que gosto. Mas, para mim, o melhor campeonato do Mundo é o alemão”, disse o técnico do FC Porto em 2019, numa entrevista ao Canal 11. Porquê? Declarações mais recentes deixam uma pista. “Gostam de uma posse mais apoiada, com 70 passes, ou de um jogo mais direto, mais simples, com dois ou três passes? Para mim, pode ser mais bonito desta forma. Outros podem preferir mais passes, que a mim me causam sonolência”, afirmou no mês passado em conferência de imprensa na qual se alongou acerca do seu futebol preferido. Ora se Schmidt tem a escola, a Conceição sobra a doutrina. Tanto um como o outro são defensores de um futebol intenso, rápido, explosivo e pressionante que a Europa tem agrupado debaixo do chapéu protetor de uma designação: o Gegenpressing. E se o praticam mais ou menos pode depender bastante mais dos jogadores que têm ao dispor ou do nível dos adversários do que das ideias que professam, como vamos perceber mais abaixo.
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