A velocidade furiosa de Schmidt
Roger Schmidt, que deve ser o próximo treinador do Benfica, gosta que as coisas sejam feitas depressa. Muito depressa. A velocidade furiosa marcou sempre a carreira do treinador-engenheiro.
Nove segundos. Nove segundos foi o tempo que Roger Schmidt demorou a festejar o primeiro golo da sua carreira como treinador na Bundesliga. O antigo engenheiro especializado em plásticos para a indústria automóvel, que se diz virá substituir Nélson Veríssimo no Benfica, no início da próxima época, acabara de chegar ao Bayer Leverkusen, no Verão de 2014, depois de ter sido campeão austríaco com o Red Bull Salzburgo. Pela frente, logo na primeira jornada, estavam a Muralha Amarela do Signal Iduna Park e a equipa do Borussia Dortmund, liderada por Jürgen Klopp, cujo Gegenpressing era uma das inspirações do acelerado Schmidt. E um par de bolas divididas depois do pontapé de saída já Bellarabi marcava aquele que ainda hoje subsiste como um dos golos mais rápidos da história da competição. Klopp abanou a cabeça, em sinal de reprovação. Schmidt mostrava ao que vinha e deixava bem evidentes os sinais do futebol que – mesmo sem mais títulos de relevo nos anos que se seguiram – se transformou na sua marca.
Há um futebol de marca Roger Schmidt? Há uma ideia, como o próprio explicou em tempos. “Adoro o jogo intenso”, começa por dizer este antigo centrocampista que nunca passou dos campeonatos regionais enquanto jogador – o que o leva a valorizar ainda mais o estilo de vida de que os seus comandados podem usufruir. “Quando temos bola, procuramos soluções para a levar o mais rapidamente possível para zonas perigosas. Mas o foco do nosso jogo é sempre a pressão defensiva”, analisa Schmidt. E há um sistema aplicado a isto? Nem por isso. “Posso implementar a mesma ideia com sistemas diferentes”, começa por defender, ainda que se lhe conheça um alinhamento predileto. “Funciona melhor com quatro defesas, dois ‘seis’, dois ‘dez’ e dois avançados. Dessa forma teremos sempre muita gente na frente para ganhar a bola. Se meto muita gente atrás não posso jogar como gosto”, concede o treinador que, nos treinos do RB Salzburgo, usava um cronómetro que apitava se ao fim de cinco segundos de ter perdido a bola, a sua equipa ainda a não tinha recuperado. O foco, portanto, é sempre a recuperação rápida da bola. “Penso sempre assim: ‘de quantos jogadores preciso na frente para ganhar a bola de volta?’. E aí vejo quantos me sobram, quantos posso ter atrás para me proteger’”, conclui.
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