Gérard López tem duas equipas que, a crer nas palavras de Cristiano Bacci, são “de distrital”. Mas uma delas joga na I Liga. Em que medida é que o caso do Boavista pode ser exemplar?
O regulador não atua também porque o adepto não quer que atue. Quando o Boavista desceu e bem de divisão, foi uma comoção nacional exacerbada, com lamentos sobre a suposta "injustiça" da aplicação das regras. Após o Boavista conseguir a decisão de anulação da reunião onde se decidiu a sua descida de divisão, vimos a Liga a mostrar o que é enquanto regulador e uma onda de favores ao Boavista, desde a colocação no processo na gaveta à espera da sua prescrição, até ao alargamento de um campeonato que não precisava de ser alargado, com o campeonato a 16 até a prestação europeia das nossas equipas melhorou, só para caber o Boavista. Agora os favores continuam com uma Liga mais preocupada com os estádios onde jogam os grandes, do que com o que realmente interessa...
O comportamento das nossas equipas com os investidores lembra um episódio dos Simpson em que um charlatão consegue convencer a cidade e os seus cidadãos a investir num monocarril, só não sei se os investidores também cantam, mas voltamos ao que já critico há muito tempo. Sim, concordo na necessidade de escrutínio, mas volto a dizer que os nossos clubes têm de repensar o modelo de gestão do futebol, claro que as vendas fazem parte mas os grandes não pode estar dependentes delas e os pequenos não podem continuar a navegar à vista na esperança de que um investidor apareça, vemos o resultado no Boavista e no Belenenses, a falta de escrutínio acaba por estar ligado a isso mesmo. Depois a necessidade absurda de o clube ter de constituir uma sociedade (unipessoal ou anónima), acaba por colocar os clubes ainda mais nas mães destas situações.
Gérard López não e um investidor, porque um investidor investe. Dado que o senhor Gérard López é proprietário de dois clubes falidos, não percebo o que ele pretende, mas investidor, ele não é de certeza.
Temos visões diferentes em muitas coisas. Primeiro: as vendas são uma necessidade, sim. E são uma coisa boa, desde que controladas, porque permitem investir em talento. Mesmo que os clubes optassem por não vender "por necessidade", como diz, os jogadores iriam na mesma querer sair. Segundo: a necessidade de constituição de SAD ou SDUQ não é uma coisa má. O que é mau é os clubes colocarem-se nas mãos do primeiro que surge. A primeira necessidade de regulação é interna.
O problema da obrigação de SDUQ ou SAD é a falta de proteção dos clubes. Quem traz os adeptos ao estádio, quem tem a História são os clubes, enquanto coletividades, sociedades civis. De repente decidiu-se que quem compete é a SAD ou a SDUQ, que representam o clube, e não o clube que até aqui competiu, venceu, perdeu, trouxe os adeptos e a tradição. É preciso melhorar o escrutínio? Sem dúvida, mas por vezes falha mesmo quando temos o cuidado e quando falha, vemos SAD's que perdem o apoio do clube, conflitos que podem surgir e SAD's que saltam de clube, e aqui quem perde é SEMPRE o clube que tem de recomeçar tudo de novo, como o Belenenses. E quando regressam, se regressam, lá tem de voltar a SAD ou a SDUQ. As SAD nunca perdem, ficam com a faca, o queijo e a lei na mão. Não há qualquer vantagem, mas as desvantagens são inumeras.
Quanto às vendas apenas discordamos quanto à valorização da vontade do jogador, que para mim vale só até certo ponto. De resto, mais uma vez, não se trata de não vender, vendas sempre haverá, trata-se sim de ter de vender para sobreviver.
Porém, acho que o National 2 em que o Bordéus compete é uma competição nacional e não só regional (há equipas da Bretanha na mesma série, por exemplo). Agora, é certo que é o 4° escalão (talvez ao nível do nosso Campeonato de Portugal).
Há uns bons 15 anos apareceu um comprador português para o Boavista. Organizou uma conferência de imprensa ao lado do presidente da altura, cujo nome não me recordo, e disse aos jornalistas que estava pronto a mostrar o cheque mas que não o fazia por não ser oportuno naquele momento. Se não foi detido à saída do estádio andou lá perto. Lembrei-me desse episódio ao saber do interesse deste suposto intermediário. Cheira mesmo muito mal...
Ora aí está como o Miguel chega ao meu ponto, que é o de admitir que os negócios com a banca são como os negócios com outros clubes (boa parte da dívida do Boavista, tanto quanto sei, é a fornecedores). Em tudo há bons negócios, maus negócios e negócios ruinosos. Todos os clubes em Portugal já fizeram maus negócios e negócios ruinosos, mas geralmente só os grandes (todos) fazem bons negócios. Sejam com outros clubes, em vendas inflacionadas, com a banca, o estado ou as autarquias, graças ao seu peso social. Não ponha o seu de fora, que todos lá foram dar.
Mas não se vê os outros a pavoniar-se pelos bons negócios... Com a banca que eu tenha conhecimento só o Sporting conseguiu fazer bons negócios, nada contra, desde que não seja com o meu dinheiro!!!
O regulador não atua também porque o adepto não quer que atue. Quando o Boavista desceu e bem de divisão, foi uma comoção nacional exacerbada, com lamentos sobre a suposta "injustiça" da aplicação das regras. Após o Boavista conseguir a decisão de anulação da reunião onde se decidiu a sua descida de divisão, vimos a Liga a mostrar o que é enquanto regulador e uma onda de favores ao Boavista, desde a colocação no processo na gaveta à espera da sua prescrição, até ao alargamento de um campeonato que não precisava de ser alargado, com o campeonato a 16 até a prestação europeia das nossas equipas melhorou, só para caber o Boavista. Agora os favores continuam com uma Liga mais preocupada com os estádios onde jogam os grandes, do que com o que realmente interessa...
O comportamento das nossas equipas com os investidores lembra um episódio dos Simpson em que um charlatão consegue convencer a cidade e os seus cidadãos a investir num monocarril, só não sei se os investidores também cantam, mas voltamos ao que já critico há muito tempo. Sim, concordo na necessidade de escrutínio, mas volto a dizer que os nossos clubes têm de repensar o modelo de gestão do futebol, claro que as vendas fazem parte mas os grandes não pode estar dependentes delas e os pequenos não podem continuar a navegar à vista na esperança de que um investidor apareça, vemos o resultado no Boavista e no Belenenses, a falta de escrutínio acaba por estar ligado a isso mesmo. Depois a necessidade absurda de o clube ter de constituir uma sociedade (unipessoal ou anónima), acaba por colocar os clubes ainda mais nas mães destas situações.
Gérard López não e um investidor, porque um investidor investe. Dado que o senhor Gérard López é proprietário de dois clubes falidos, não percebo o que ele pretende, mas investidor, ele não é de certeza.
Temos visões diferentes em muitas coisas. Primeiro: as vendas são uma necessidade, sim. E são uma coisa boa, desde que controladas, porque permitem investir em talento. Mesmo que os clubes optassem por não vender "por necessidade", como diz, os jogadores iriam na mesma querer sair. Segundo: a necessidade de constituição de SAD ou SDUQ não é uma coisa má. O que é mau é os clubes colocarem-se nas mãos do primeiro que surge. A primeira necessidade de regulação é interna.
O problema da obrigação de SDUQ ou SAD é a falta de proteção dos clubes. Quem traz os adeptos ao estádio, quem tem a História são os clubes, enquanto coletividades, sociedades civis. De repente decidiu-se que quem compete é a SAD ou a SDUQ, que representam o clube, e não o clube que até aqui competiu, venceu, perdeu, trouxe os adeptos e a tradição. É preciso melhorar o escrutínio? Sem dúvida, mas por vezes falha mesmo quando temos o cuidado e quando falha, vemos SAD's que perdem o apoio do clube, conflitos que podem surgir e SAD's que saltam de clube, e aqui quem perde é SEMPRE o clube que tem de recomeçar tudo de novo, como o Belenenses. E quando regressam, se regressam, lá tem de voltar a SAD ou a SDUQ. As SAD nunca perdem, ficam com a faca, o queijo e a lei na mão. Não há qualquer vantagem, mas as desvantagens são inumeras.
Quanto às vendas apenas discordamos quanto à valorização da vontade do jogador, que para mim vale só até certo ponto. De resto, mais uma vez, não se trata de não vender, vendas sempre haverá, trata-se sim de ter de vender para sobreviver.
Bom dia.
Concordo com o texto.
Porém, acho que o National 2 em que o Bordéus compete é uma competição nacional e não só regional (há equipas da Bretanha na mesma série, por exemplo). Agora, é certo que é o 4° escalão (talvez ao nível do nosso Campeonato de Portugal).
Abraço.
Em rigor, sim, tem razão.
Há uns bons 15 anos apareceu um comprador português para o Boavista. Organizou uma conferência de imprensa ao lado do presidente da altura, cujo nome não me recordo, e disse aos jornalistas que estava pronto a mostrar o cheque mas que não o fazia por não ser oportuno naquele momento. Se não foi detido à saída do estádio andou lá perto. Lembrei-me desse episódio ao saber do interesse deste suposto intermediário. Cheira mesmo muito mal...
Um perdão de dívida ia ajudar...
Mas falta capacidade para fazer um bom negócio...
Ora aí está como o Miguel chega ao meu ponto, que é o de admitir que os negócios com a banca são como os negócios com outros clubes (boa parte da dívida do Boavista, tanto quanto sei, é a fornecedores). Em tudo há bons negócios, maus negócios e negócios ruinosos. Todos os clubes em Portugal já fizeram maus negócios e negócios ruinosos, mas geralmente só os grandes (todos) fazem bons negócios. Sejam com outros clubes, em vendas inflacionadas, com a banca, o estado ou as autarquias, graças ao seu peso social. Não ponha o seu de fora, que todos lá foram dar.
O Boavista não tem essas "benesses", mas tem a benesse da Liga de viver acima das regras.
Completamente de acordo!
Mas não se vê os outros a pavoniar-se pelos bons negócios... Com a banca que eu tenha conhecimento só o Sporting conseguiu fazer bons negócios, nada contra, desde que não seja com o meu dinheiro!!!
Só o Sporting fez porque os outros não quiseram.