Marítimo campeão antes do fim
O país vivia na incerteza quando o Marítimo venceu o Belenenses por 2-0, numa final que acabou aos 70’. E este foi também o ano do nascimento do “quarto-de-hora” à Belenenses e da rivalidade Norte-Sul
O Marítimo foi o campeão de Portugal em 1926, vencendo na final o Belenenses, campeão de Lisboa, por 2-0, num jogo que não chegou ao fim. Disputado no Porto, à mesma hora a que, 300 quilómetros mais a sul, Gomes da Costa entrava triunfante em Lisboa com as suas tropas, pondo fim ao impasse político e militar nascido da revolução de 28 de Maio, o desafio entre os campeões da Madeira e de Lisboa era reflexo da necessidade de mudança no futebol nacional, ainda muito preso à falta de estrutura e à balbúrdia própria dos inícios de tudo. O Campeonato de Portugal já era uma realidade imponente, enchia estádios e motivava grande interesse de público de todo o país, ávido para ler as notícias acerca dos resultados dos seus heróis, mas não tinha uma organização capaz de o levar a um patamar superior. Como se viu na forma como foi gerido o nascimento da guerra Norte-Sul, gerada nas confusões constantes entre a equipa do FC Porto e o público de Lisboa e, depois, entre o público do Porto e a equipa do Belenenses.
Leia aqui sobre 1924/25:
Nada do que se passou deve retirar mérito ao Marítimo, que foi a melhor equipa da prova, sobretudo no jogo das meias-finais, em que arrasou o FC Porto, anterior campeão, por 7-1. A final foi muito mais dividida, mas ainda assim bem ganha por uma formação maritimista que apresentou nos dois jogos exatamente o mesmo onze que já jogara no campeonato anterior. Sempre que os campeões da Madeira vinham jogar ao Continente, a incerteza era grande. O que valiam? Não havia confrontos regulares com os clubes de Lisboa e do Porto, para se medir forças, mas a equipa insular deixava sempre a ideia de poder ganhar aos do continente. O que lhe faltava? Aparentemente treinador, problema resolvido com a chegada ao Funchal de Ferenc Ekker, o técnico húngaro que começou a tirar tudo de jogadores como o guarda-redes Ortega, o extremo José Ramos, que foi o primeiro internacional do Marítimo, ou o médio António Camarão.