Tri do Belenenses sem capitão
Em 1933, após o corte de relações entre Benfica e FC Porto, o Belenenses venceu o seu terceiro campeonato, mesmo privado na final do capitão e força inspiradora, o médio internacional Augusto Silva.
O Belenenses foi o campeão de Portugal em 1933, igualando assim o FC Porto com a conquista do seu terceiro título nacional, mas superando o clube do Norte no que toca a jogadores que podiam dizer-se tricampeões. Joaquim Almeida, Alfredo Ramos, José Luís e Augusto Silva já tinham estado nas conquistas de 1927 e 1929, tendo César Matos e Rodolfo Faroleiro falhado apenas uma delas, em ambos os casos por lesão. Estes seis formavam a base de uma equipa consolidada e capaz de resistir ao trágico falecimento de Pepe, que a meio do percurso se tornara a sua maior estrela. Na final de 1933, capitaneada pelo defesa Belo – que Augusto Silva estava magoado naquele dia e não pôde jogar – a formação orientada por Artur José Pereira, ele também treinador tricampeão, venceu o Sporting por 3-1, lançando a euforia na cidade de Lisboa, que viveu intensamente este campeonato. Óscar Carmona, o Presidente da República, foi um dos 25 mil que assistiram ao jogo no Stadium do Lumiar e no final entregou a taça de campeão à equipa vencedora.
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A vitória do Belenenses era a vitória da continuidade e da homogeneidade de um grupo que, a par do FC Porto, formava também a base da seleção nacional: nos dois jogos desta época, contra a Hungria e a Espanha, os de Belém meteram entre os titulares os médios Augusto Silva e César, bem como o defesa Belo (num dos jogos) e o extremo José Luís (no outro). Ainda que já tivessem todos passado os 30 anos, numa era em que a longevidade não era assim tão comum entre os futebolistas, Augusto Silva, César Matos e Joaquim Almeida formavam um meio-campo fiável e experiente como nenhum outro em Portugal, valendo ainda o precioso contributo de Rodrigues Alves, o quarto médio, que até acabou por ser o mais utilizado no campeonato, seja porque um dos outros falhava, por lesão, porque Almeida era chamado a tapar um buraco na defesa ou porque Augusto Silva era colocado como avançado-centro, numa manobra que o treinador repetia sempre que os jogos se complicavam. Tudo somado a uma belíssima temporada de Belo e à capacidade que os cinco da frente tinham para jogar quase de olhos fechados valeu ao Belenenses o troféu de campeão nacional, quando o Sporting e o FC Porto prometiam muito mais no início da época.