Em ano aberto, ganha Messi
A pressão de Jorge Mendes e Alex Ferguson a favor de Ronaldo servirá só para sustentar que a diferença de duas Bolas de Ouro que vamos ter entre os dois é injusta.
Alex Ferguson e Jorge Mendes aproveitaram a escolha de Cristiano Ronaldo como jogador do mês da Premier League e semana goleadora do capitão ao serviço da seleção de Portugal para virem dar um empurrão à candidatura do português à sexta Bola de Ouro. O prémio, que lhe permitiria igualar o total de Messi no topo do Mundo, no entanto, está muito longe de ser sequer expectável. A corrida à Bola de Ouro de 2021 está tão aberta que leva a que o grande favorito da generalidade das casas de apostas por esse Mundo fora seja mesmo o argentino, que desta vez até ajudou a sua seleção a ganhar a Copa América. É que, já se sabe, em anos como este, nos quais não há um candidato claro e óbvio, o mais normal é mesmo o júri acabar por olhar para quem já conhece bem. E, além da inegável qualidade que tem em campo, o campeão do charme sempre foi Messi.
No verão, a contribuição de Kanté para a vitória do Chelsea na Liga dos Campeões ameaçou trazer novidades. A presença repetida de Jorginho nos lados vencedores na Champions (pelo Chelsea) e no Europeu (pela Itália) reforçou a ideia de que seria possível ver um utilitário de meio-campo levar o troféu individual para casa. Por causa das suas prestações no Europeu, falou-se até em Donnarumma como podendo vir a suceder a Yashin, o último guarda-redes a a ganhar a Bola de Ouro (em 1963). Só que todos esses nomes têm vindo a perder força. O tempo é como o algodão – não engana... – e o facto de o guarda-redes italiano não se ter imposto como titular a Navas no Paris Saint-Germain levou muito boa gente a abanar a cabeça e a pensar como terá sido possível juntar os nomes de Donnarumma e Yashin na mesma frase. Jorginho foi também alvo de um confronto com a realidade por via do amadurecimento das ideias, mais do que suficiente para se perceber que é um excelente jogador de equipa, mas não está no patamar de um melhor do Mundo. E a lesão que afastou Kanté da seleção francesa na fase final da Liga das Nações ter-lhe-á também causado um atraso numa corrida que lá para Abril se admitiu pudesse vir a ganhar. Na final da Liga das Nações esteve Benzema, é verdade, e até foi decisivo, como tem sido nos últimos meses num Real Madrid quase sem referências, mas no caso do atacante francês pesarão como fatores inibidores os fracassos na última Champions e na Liga Espanhola. Tal como para impedir o sucesso de Lewandowski – recorde de golos num ano de Bundesliga – será decisivo o facto de o Bayern ter falhado na competição continental.
Então mas isto é um troféu individual ou estamos a olhar para o coletivo? Depende muito. A eclosão no futebol mundial de extraterrestres como Messi e Cristiano Ronaldo veio abalar uma regra clara, que foi lei não escrita neste prémio durante décadas: a Bola de Ouro é um troféu individual, mas era raro não premiar as estrelas das equipas que ganhavam as maiores competições, porque o futebol é um desporto coletivo. Messi e Ronaldo, que juntos levaram para casa onze Bolas de Ouro, habituaram a opinião pública a pensar diferente e a olhar mais para a dimensão individual do jogo. O primeiro ainda não tinha ganho nada com a sua seleção antes da Copa América deste ano e já conquistou seis vezes o troféu. Em 2009, 2011 e 2015 ainda foi campeão europeu pelo FC Barcelona, mas em 2010 (Espanha campeã do Mundo, Inter vencedor da Champions), 2012 (Espanha campeã da Europa, Chelsea vencedor da Liga dos Campeões) e 2019 (Liverpool FC campeão europeu de clubes) ganhou pela aplicação dos fatores que enunciei acima: qualidade e charme.
É que quatro das cinco Bolas de Ouro de Cristiano Ronaldo ainda tiveram suporte coletivo. O CR7 ganhou o prémio em 2008 (e foi campeão europeu com o Manchester United), 2014 (campeão europeu com o Real Madrid), 2016 (campeão europeu com Portugal) e 2017 (campeão europeu com o Real Madrid), sobrando-lhe o prémio de 2013 (Bayern ganhou a Champions), ganho na sequência daquele hat-trick notável na Suécia, a qualificar Portugal para o Mundial, para compensar o facto de em 2019 ninguém ter olhado para o que fez na vitória da seleção na Liga das Nações.
Mendes e Ferguson podem insistir com o total de golos de Ronaldo, com os recordes que ele vem batendo de forma persistente, mas geralmente em anos abertos ganha Messi. É por isso que as casas de apostas desse Mundo todo já dão odds em torno de 1.40 para a vitória do argentino – 40 cêntimos por cada euro apostado – e pagam quatro euros por cada um apostado em Lewandowski, por exemplo. Jorginho é o terceiro favorito, a pagar seis euros por cada um arriscado. E Ronaldo está muito longe do topo, com odds entre os 11 e os 33 euros por cada euro apostado. Mendes, e sobretudo Ferguson, que tem muita experiência na área por ter sido dono de cavalos de corrida, sabem disto muito melhor do que qualquer um de nós. E se falam agora nem será tanto para influenciar o júri como para marcar uma posição e, no fim, montar em cima dela uma opinião sustentada. É que daqui a uns anos podemos discutir quem foi maior, se Messi ou Cristiano Ronaldo, mas dificilmente encontraremos razão para justificar a diferença de duas Bolas de Ouro entre os dois que provavelmente teremos a partir de 29 de Novembro.
Em 2018 já tiraram uma bola de ouro ao Ronaldo dando o prémio a Luka Modric. Este ano também seria outra injustiça se Messi ganhar a sua sétima bola de ouro mesmo ter ganho uma Copa América a serviço da seleção mas a nível de clubes não um fracasso mas ainda conseguiu conquistar uma taça do rei e levar o prémio de melhor marcador da liga. CR7 também o fez ao serviço da Juventus e bateu uma serie de recordes com destaque para de maior marcador de seleções de sempre. Para mim seria o terrível avançado polaco que sem fazer muitos feitos na seleção como aconteceu como os seus concorrentes e falo de Ronaldo, Messi, Jorginho e Kanté, mas a nível de clubes ganhou tudo o que há para ganhar e além desses troféus coletivos ainda bateu o recorde de Gerd Muller (1971/72) com 41 golos.
Técnicamente e só mesmo aparte , o recorde de golos pela seleção é uma estatística de carreira e não de época logo não terá muito interesse nesta comparação para a época 20/21