Como mudou Kökcü
Os números dizem que Kökcü tem razão quando afirma que Schmidt está a exigir mais dele em termos defensivos. Ficou mais completo. Resta saber se é isso que ele quer e se isso é o melhor para a equipa.
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A distância entre Orkun Kökcü e Roger Schmidt, ou o Benfica, terá partido tanto de questões de tratamento pessoal e de importância que o jogador diz não lhe ter sido dada no equilíbrio geral das coisas como de questões meramente táticas. Visto de fora, o primeiro aspeto é bem mais difícil de avaliar do que o segundo, mas no que respeita a este é possível perceber melhor afinal de contas o que pode dar o médio turco, o que o treinador tem tirado dele e até que ponto isso é diferente do que dele tirava Arne Slot na equipa do Feyenoord em que ele ganhou a Eredivisie e a votação para melhor jogador da competição. Há diferenças? Há, sim senhor. São de tal forma irreconciliáveis que justifiquem a queixa e a forma como ela foi feita? Nem por sombras.
Kökcü chegou a Portugal depois de duas temporadas de elevado rendimento, sempre a jogar como segundo médio, mas numa estrutura de um mais dois (e já detalhei isso neste texto). Em 2021/22, a época em que o Feyenoord acabou o campeonato em terceiro lugar – atrás do Ajax de Ten Hag e do PSV de Schmidt – e perdeu a final da Liga Conferência com a AS Roma de Mourinho, o turco jogou à frente de Aursnes e a par de Guus Til, acabando com nove golos e outras tantas assistências em 51 jogos. Ele foi o único dos três médios titulares a transitar para 2022/23, o ano do título, pois Aursnes veio para o Benfica e Til seguiu para o PSV. Passou a jogar à frente de Wieffer e a par de Szymanski, o primeiro contratado ao Excelsior, o terceiro clube de Roterdão, e o segundo emprestado pelo Dínamo Moscovo. Kökcü acabou o ano em que o Feyenoord foi campeão, caindo da Liga Europa nos quartos-de-final, outra vez contra a AS Roma, com 12 golos e cinco assistências em 46 jogos. Sem a presença de Til, dividiu mais com o polaco as tarefas de chegada a zonas de finalização, o que desde logo se refletiu no aumento da produção goleadora e na diminuição dos passes para golo. Ora esta época, na qual já atuou na dupla de médios do 4x2x3x1 de Schmidt a par de João Neves ou de Florentino, mas onde também já pôde ser terceiro médio à frente de ambos e até já ocupou posições nas alas à frente, Kökcü voltou a ver baixar a produção goleadora, mas a aumentar os passes para golo: segue com três golos e dez assistências em 34 jogos.