A seleção e os anarquistas
A seleção é uma seara de anarquistas. Os adeptos só querem saber dela na medida em que ela valide a grandeza dos seus clubes. Analiso a escolha de Roberto Martínez à luz dessa constatação.
A contratação de Roberto Martínez como selecionador nacional para os próximos quatro anos não motivou a onda de entusiasmo que o facto de o espanhol ter sido treinador da seleção que liderou o ranking mundial da FIFA por 28 edições consecutivas, de Outubro de 2018 até Fevereiro de 2022, podia gerar. Houve muitos argumentos para diminuir a chegada à FPF do ex-selecionador belga, desde o facto de ser estrangeiro à particularidade de nunca ter ganho nada com a melhor geração da história do futebol daquele país, passando pelo fraquíssimo Mundial que a equipa protagonizou há um mês, mas a razão principal é a habitual aplicação ao futebol da mais famosa máxima anarquista – “Hay gobierno? Soy contra!”. Quando se trata da seleção, os adeptos portugueses dividem-se em dois grupos: os que não andam atrás da bola semana após semana, fazem dela um caso de popularidade e de audiência na TV e nos estádios; os que se interessam por futebol no dia-a-dia, seguem-na só para a ver validar as pretensões de grandeza dos clubes pelos quais sofrem verdadeiramente. Se ela perde, devia ter ganho. Se ela ganha, devia tê-lo feito de outra forma ou com outros jogadores. Eu até já tinha dito que a minha escolha seria José Mourinho, pelo que não me entusiasmou a nomeação de Roberto Martínez. Mas se o homem foi contratado, é deixá-lo trabalhar.
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