A importância de Yaremchuk
Os adeptos e as fontes que alimentam o mercado gostam é de golos, de acelerações, mesmo que improfícuas, e de quedas teatrais. Mas, como dizia Cruijff: “o futebol joga-se com a cabeça".
A vitória do Benfica sobre o Dynamo Kiev (2-0), na Luz, sobretudo porque conjugada com a derrota do FC Barcelona em Munique (0-3), contra o Bayern, e com o importante apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, permitiu compensar com umas pitadas de euforia a frustração que os adeptos levaram para o estádio e começaram por descarregar em cima de Jorge Jesus, antes de o jogo começar. Mas, além de valer a continuidade na Europa que conta, a noite de ontem terá sido importante porque mostrou a quem continua a não querer ver que Yaremchuk é fundamental no ataque do Benfica. E que, por mais que se tente construir a ideia de que em Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha anda tudo doido por dar 150 milhões de euros por Darwin, se só cabe um ponta-de-lança no Benfica – e eu até acho que cabem dois – ele tem de ser o ucraniano.
Depois de encontrar aquele que me parecia ser um bom compromisso para os três da frente, num um mais dois, com Rafa (ou Everton, ou Pizzi) atrás de Yaremchuk (ou Rodrigo Pinho, ou Gonçalo Ramos) e Darwin (ou Seferovic), Jorge Jesus voltou um pouco atrás e derivou para o dois mais um, com Rafa e Everton – ontem Pizzi – a jogar atrás de um avançado de referência, que geralmente tem sido o uruguaio. Jesus tê-lo-á feito em nome de uma “falsa” sensação de segurança, porque este novo compromisso lhe dá a ideia de ter mais um médio em campo. Mas, à partida, a alteração traz problemas adicionais ao futebol do Benfica, relacionados com o desaparecimento do ucraniano. O primeiro é que acumula na frente gente que decide mais vezes mal do que bem, gente que ganha a vantagem mas depois a desbarata, de tão rápido que se conduz, gente que não liga a equipa e faz depender o sucesso de adversários a jogar muito alto no campo, com espaço para correr nas costas da sua última linha. O segundo é que o próprio Darwin se dá pior neste tipo de organização, que o obriga a ser mais referência de ligação, a jogar mais tempo de costas para a baliza – algo que Yaremchuk faz melhor –, e por isso lhe tira aquilo de que ele depende para prosperar: o espaço para correr livre no corredor lateral.
Darwin fez esta época três jogos acima da nota 7,5 na aplicação Sofa Score: os 5-0 nos Açores ao Santa Clara, os 3-0 na Luz ao FC Barcelona e os 6-1 na Luz ao SC Braga. Foram três vitórias folgadas, muito por ação dele, também, é verdade, mas contra equipas que, seja por estarem a perder desde cedo ou pela sua própria natureza, jogaram muito abertas e altas no campo. Em dois destes três jogos – a exceção foi contra o SC Braga – o uruguaio apareceu ao lado de Pinho ou Yaremchuk. O ucraniano, por sua vez, soma quatro jogos acima dos 7,5 na mesma aplicação: o de ontem, contra o Dynamo Kiev, os 3-0 ao FC Barcelona, o 3-1 em Guimarães ao Vitória SC e o 2-0 em casa ao FC Arouca. Há um desafio em comum, que é a vitória sobre os catalães, mas de resto as melhores exibições do ucraniano surgiram em jogos mais renhidos no resultado, nos quais o Benfica passou mais tempo em ataque organizado. Darwin é uma arma letal, mas é-o – tal como Rafa, aliás – sobretudo em ataque rápido e contra-ataque, situações em que têm menos opções para escolher e, por isso, menos oportunidade de estragar o que de muito bom fazem com uma má decisão: é correr e finalizar. Yaremchuk é o melhor avançado do Benfica a ligar a equipa pelo passe, pela desmarcação de apoio, criando condições para um melhor diálogo com os dois médios em ataque organizado. Partilha essas caraterísticas com Rodrigo Pinho e eventualmente Gonçalo Ramos. É por isso que acho que um dos três tem de estar no onze.
O “problema” de Jesus começa por ser o excesso de opções – e já abordei a questão aqui. Como manter tanta gente feliz só com três vagas no onze? Depois passa a ser a necessidade de manter Darwin na rota da valorização. Então se todas as semanas lê notícias a dizer que anda tudo à bulha em Inglaterra, em Itália, em Espanha e até na Alemanha para o contratar, que o Benfica não o deixa sair abaixo dos 150 milhões de euros, a equipa tem de ser ele e mais dez. Mas a melhor forma de valorizar o diamante em bruto que ainda é o atacante uruguaio é dar-lhe condições, a ele e à equipa, para atingir o melhor rendimento. E o melhor rendimento de Darwin e da equipa é com ele a cair mais no corredor lateral esquerdo e com Yaremchuk entre o corredor central, como avançado de ligação, e a meia-direita, em movimentos de rotura que ele também faz. Porque, como dizia Cruijff, “o futebol é um desporto que se joga com a cabeça”. Com o que temos dentro dela. E o Benfica precisa da inteligência futebolística de Yaremchuk para ser melhor equipa em ataque organizado – que é como passa a maior parte do tempo.
Vi algumas partes do jogo. (A meio da primeira parte tive de ir pôr o mais novo a dormir) No entanto, retomei o jogo na segunda parte. Acho que sim este Ukraniano joga e está num bom nivél para o nosso campeonato. Ele é rápido e claramente joga bem no apoio aos médios também. No entanto, achei que o Benfica continuar a calhar no aspecto defensive, entre marcação à zona e Homem a homem, como vi o A. Almeida a sair da posição, ou o lázaro distraífo com a bola e um jogador do Dinamo a passar pela costas... isto é a minha visão do jogo. Não sou comentator it treinador. Mas concordo com a lanta Holandesa, futebol é jogado com a cabeça. Digo sempre so meu filho mais velho, pensa o futebol, atencipa jogadas... etc. No geral foi um jogo bem disputado e ganhou o mais forte. Muitos Parabéns ao Benfica e boa sorte para a próxima fase.