Discussão sobre este post

Avatar de User
Avatar de Vasco Armés

O conceito de campeonato das transferências é mesmo real, por vezes a lógica é invertida por alguns adeptos que celebram uma venda não como algo negativo mas como uma vitória face aos rivais. É dificil explicar mas dentro da mesma lógica há gente que celebra muito mais um segundo lugar que uma vitória na final da Taça de Portugal quando para mim um troféu é sempre o objectivo máximo de cada equipa.

Expand full comment
Avatar de Hugo Silva

"As taças é que ficam nos museus e, sobretudo, nas memórias dos adeptos – e ainda não vi ninguém ir para o Marquês de Pombal celebrar uma transferência". Lapidar. Podemos até fingir, mas ninguém fica mais feliz com uma boa transferência do que com um troféu. O campeonato das transferências aproveita, sobretudo, aos clubes que nada ganharam e precisam do toque a reunir. Que na maioria das vezes tem efeito meramente conjuntural. A alegria passageira esfuma-se com o fracasso desportivo. O dinheiro não só ajuda, como é essencial, mas a abundância nunca foi boa conselheira dos clubes portugueses (e aqui fecho o universo aos três grandes, porque nos outros, se calhar à exceção do Braga dos últimos anos, abundância é palavra quase inexistente). Basta ver o recente investimento milionário do Benfica, com zero títulos. Ou os milhões que o Porto desbaratou no pós conquistas europeias, com a venda de metade do plantel a peso de ouro, e cujos resultados foram ficar na penúria e entregar a hegemonia desportiva ao rival da Luz. Ou ainda o dinheiro desembolsado pelo Sporting em alegados craques de qualidade duvidosa que tiveram como reflexo a agonia desportiva ano após ano. Nos últimos tempos, foi em alturas de aperto que os clubes melhor se deram desportivamente. O Porto, com Conceição, recuperou a tal mística e conquistou títulos com planteis, convenhamos, fraquinhos. O Sporting, sendo certo um investimento avultado no treinador, socorreu-se da prata da casa e em jogadores da nossa liga para ser campeão, o que já não acontecia há quase duas décadas. O Benfica parece agora querer inverter caminho para regressar às bases, mas nunca consegue libertar-se completamente do síndrome das contratações sonantes. Nem de rotular de craques de milhões os seus jogadores que fazem meia dúzia de jogos em condições. São as dores de ser o clube com mais adeptos, mas também reflexo de uma cultura que demora tempo a mudar. Tudo somado, voltamos ao princípio, no museu e nas memórias dos adeptos estão as taças e não os cheques das transferências.

Expand full comment
3 more comments...

Nenhuma publicação