Wicky, o americano
Depois de Vickie o viking, Wicky, o americano. O treinador que levou o Young Boys ao quinto título em seis anos é suíço, mas pensa como um americano. E foi assim que soube gerir a abundância em Berna.
Perdido o campeonato de 2022 para o FC Zurique, no Young Boys não sobraram dúvidas: havia que reforçar a equipa. Do Servette e do FC Lucerna, sexto e nono na última época, chegaram as principais figuras das respetivas equipas, Imeri e Ugrinic, por um total combinado de cinco milhões de euros, um valor relevante para o mercado local, de nada importando que viessem disputar a mesma posição, que era a de médio esquerdo. Do Rangers, da Escócia, apareceu Itten, antigo goleador do FC Basileia ou do FC Sainkt Gallen, de pouco servindo que se reparasse que o camaronês Nsamé também regressava após um ano em Itália, no Veneza, ou que fosse ainda preciso contar com o congolês Elia. O internacional Benito, que chegou a representar o Benfica sem grande sucesso, há quase uma década, também veio do FC Sion, mesmo que o futuro na lateral esquerda possa até ser o sueco Persson, contratado ao Mjallby, e que por enquanto quem jogue na posição até seja o cabo-verdiano Ulisses Garcia. O que se pedia a Raphael Wicky, o treinador que chegava da MLS norte-americana após uma longa carreira de futebolista vivida entre a Suíça e a Alemanha, era que fosse competente na gestão de um grupo que se queria sempre abundante. E aquele antigo médio-defensivo jogou ao ataque: a sua forma de pensar evoluiu à conta dos três anos que passou nos Estados Unidos, adotando um modo mais distendido de ver a convivência de grupo ou as responsabilidades desportivas, fatores que foram fundamentais para que o Young Boys revertesse o percalço do ano anterior e não só conquistasse o título a cinco jornadas do fim como levasse para Berna a terceira dobradinha da história do clube.