Uma pincelada de artista
Um momento de génio de Mora deu ao FC Porto uma vitória justa num jogo com o Estoril em que, paradoxalmente, as duas equipas jogaram sempre de olhos no ataque mas criaram pouco para tanta ambição.

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Há jogos assim, que se resolvem em dois momentos de génio, um com a pincelada final que merecia e outro ingloriamente perdido pelo caminho. Estoril e FC Porto estavam empatados, fruto de dois golos de penalti que tiveram tanto de acidentais como de evidentes, quando surgiu o génio número um. Desfeito um canto a favor do FC Porto, João Carvalho pegou na bola na sua meia-lua, driblou Fábio Vieira, fugiu a Eustáquio, inverteu o sentido de marcha, voltou a fintar Fábio Vieira e a fugir a Eustáquio, quando, já no círculo central, viu Guitane a disparar pela direita e pensou meter-lhe a bola na profundidade, para o isolar. O passe, porém, ficou curto. A pincelada final na obra morreu em Varela, que ergueu a cabeça e soltou o génio número dois: descobriu Rodrigo Mora na esquerda e meteu-lhe a bola à frente. Mora atraiu Pina e respeitou o overlap de Francisco Moura, metendo-lhe a bola de calcanhar. O lateral aproveitou a aproximação do mesmo Pina e devolveu o passe, com alguma sorte, é um facto, deixando o atacante só com Pedro Álvaro entre ele e a baliza para a pincelada final. Tal como João Carvalho antes, Mora driblou. Só que lhe bastou um drible, para dentro, para abrir o ângulo mais distante e meter lá a bola, longe do alcance do guarda-redes Chamorro. Faltavam 25 minutos para o fim do jogo e os dragões chegavam à vantagem que justificavam, pela maior produção ofensiva, coroando com três pontos uma partida em que os canarinhos merecem uma menção honrosa, não tanto pelo que foram capazes de criar, que na verdade não foi muito, mas sobretudo pelo que quiseram sempre fazer, recusando-se a aceitar o empate como um resultado acolhedor e indo à procura dos três pontos desde o início.