Um desígnio nacional
Fala-se muito de Portugal ser primeiro no ranking desta época, mas do que devia falar-se era de recuperar o sexto lugar a cinco anos e do veredicto do caso Diarra, que pode mudar o futebol mundial.
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A semana europeia poderia ter corrido melhor, não tivesse o FC Porto sofrido aquele golo ao minuto 90, que o impediu de vencer o Manchester United no Dragão. Ainda assim, apesar do desaire do SC Braga na Grécia com o Olympiakos e dos empates de FC Porto e Sporting, este em Eindhoven com o PSV, as vitórias de Benfica e Vitória SC sobre o Atlético Madrid e o NK Celje significaram que Portugal fechou a jornada com 1,200 pontos de ranking, recuperando mais 366 milésimas aos Países Baixos, na corrida ao sexto lugar da tabela a cinco anos, que definirá as vagas na Liga dos Campeões de 2026/27. Embora difícil, a ultrapassagem é possível no final desta época, que os neerlandeses já só estão a 3,550 pontos. Mais: deve ser vista pelos nossos clubes como uma espécie de desígnio nacional, pois permite o acesso de mais uma equipa aos milhões da Liga dos Campeões. E, no entanto, aquilo de que se fala é do facto de Portugal ser neste momento primeiro classificado no ranking exclusivo desta temporada. Podemos acabar a época num dos dois primeiros lugares, os que dão uma vaga suplementar na Liga dos Campeões já da próxima época? Podemos, claro. Mas vai acontecer? Quase de certeza que não. Se este sistema das vagas suplementares já estivesse em voga desde o início do século, já nos teria tocado uma vez... em 24 épocas. As mesmas 24 épocas em que ingleses e espanhóis teriam garantido dois terços dos lugares extra. Na Entrelinhas desta semana vou explicar o que está em causa, quais são as formas de chegar à tão ansiada recompensa e porque é que esta toca sempre aos mesmos, antes de passar pelo futebol que se jogou, pelo que ainda se jogará antes de mais uma interrupção para que entrem em campo as seleções nacionais e pela decisão de ontem, do Tribunal de Justiça da União Europeia, acerca do caso que opõe Lassana Diarra à FIFA e que pode revolucionar as regras internacionais do sistema de transferências. Um segundo caso-Bosman, com consequências imprevisíveis para clubes que, como os nossos, tanto dependem das mais-valias.