Um clube familiar
Não se fala do Qarabag FK sem falar de Qurban Qurbanov, nove vezes campeão desde 2008, do seu filho, Musa Qurbanly, estrela da saga de 2022/23, e da mãe. Da mãe? Sim, da mãe-pátria.
O Qarabag FK é um clube sem lar, mas ao mesmo tempo sente-se em casa à mesa de todos os azeris. E isto não é só por ter sido o primeiro – e único, até hoje – no país a alcançar uma fase de grupos da Liga dos Campeões, em 2017, mas também por representar os interesses pátrios até no nome, que adotou na década de 80 do século passado, ainda debaixo da égide da URSS, mas já na sequência do conflito étnico entre azeris e arménios na região de Nagorno-Qarabag. O desmoronar da União Soviética levou à guerra sem freio e ao abandono da cidade-mártir de Agdam, trocada nos anos 90 pelo exílio em Baku, a capital, mas conduziu também à recuperação do clube pela junção da família: à mãe-pátria juntaram-se a madrasta abonada, a Azersun, a maior empresa alimentar do Azerbaijão, que entrou como patrocinadora e veio salvar o clube de uma falência que parecia certa, mas também uma espécie de pai-fundador, o treinador Qurban Qurbanov. Este não só comandou o Qarabag FK a nove títulos de campeão nos últimos dez anos como até já tem o filho, Musa Qurbanly, a brilhar como uma das estrelas do ataque. O campeonato de 2022/23 foi tido desde o início da época como mais ou menos inevitável e um mero preliminar para o ponto-alto de cada temporada, que são as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.