Um clássico escrito em grego
O FC Porto-Benfica escreveu-se em grego, porque ficou resolvido com o hat-trick de Pavlidis, mas também porque Martín Anselmi nunca conseguiu ler o que Bruno Lage lhe pôs à frente dos olhos.

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A equipa do Benfica é digna de uma missão da ONU, porque nela os turcos e o grego dão-se às mil maravilhas. Isso viu-se ainda antes de se esgotar o primeiro minuto do clássico do Dragão, no qual visitava o FC Porto com a pressão de ter de ganhar para assegurar que, sucedesse o que sucedesse, não deixaria escapar o Sporting na liderança da Liga. Pavlidis recuperou uma bola difícil na linha de fundo, ela chegou a Aktürcoglu na esquerda do ataque, de onde saiu o cruzamento que o mesmo Pavlidis leu na perfeição, empurrando-o com uma finalização de pura classe, de primeira, para o fundo das redes de Diogo Costa. Começar um clássico a ganhar – ou a perder, se o quiserem ver do outro lado – obviamente influi em tudo o que vai passar-se a seguir, mas não há nada que garanta que as questões estratégicas desenhadas por Bruno Lage e Martín Anselmi não iam ter exatamente a mesma influência na forma como o jogo se desenrolou. O FC Porto foi cego de tão pressionante, acabou a primeira parte – e o jogo, mais tarde – a permitir menos de cinco passes por cada ação defensiva a um Benfica que se ralou pouco ou nada com isso, porque tinha escrito, em grego, o caminho para a vitória: atraía para a direita, de forma a reduzir a densidade de ocupação de espaço na esquerda, por onde desenrolava investidas sucessivamente capazes de expor quão débeis são defensivamente os homens da linha mais recuada do adversário. O jogo acabou nos 4-1, mas os encarnados ainda meteram duas bolas no poste na primeira parte – três, mas uma foi anulada por fora-de-jogo –, o que mostra bem quão importante é estar atento ao que nos diz o campo. E o campo, desta vez, manteve o Benfica firme no seu caminho.