Três campeões em cinco minutos
Ao minuto 89 do último dia, o campeão era a Union St. Gilloise. Um golo do FC Bruges mudou a festa para o Genk. Mas aos 90+3’, Alderweireld marcou o tento que deu o troféu ao Royal Antuérpia.
O último dia do campeonato belga deu razão aos que reclamam um sistema de play-off para a decisão dos títulos no futebol europeu. E tirou-a, também. Depende do ponto de vista. Com o play-off, os belgas puderam celebrar três campeões iminentes nos últimos cinco minutos da época, emoção nunca vista numa prova por jornadas, a culminar aos 90+4’ da última ronda, num tiraço ao ângulo de Alderweireld, a encaminhar o troféu para o Royal Antuérpia, que não o ganhava há 66 anos. Mas pela segunda época consecutiva, o campeão não foi a equipa mais regular da temporada, para desgosto dos adeptos e do proprietário da Union Saint-Gilloise, Tony Bloom, que foi a Bruxelas com a família no dia do epílogo e se disse “sem palavras” para descrever o que acabara de ver. Se em 2022, após ter ganho a fase regular com cinco pontos de avanço do FC Bruges, a Union acabou depois o playoff em segundo, desta vez o destino foi ainda mais cruel para o clube que voltou a ganhar a fase regular – agora a par do KRC Genk – e até estava no lugar do condutor aos 89’ do último dia. Só que os jogos não acabam aos 89’. E no fim quem fez a festa foi o Royal Antuérpia.
Foi precisamente aos 89’ que o japonês Homma fez o empate em Bruxelas. Ao FC Bruges, o jogo já não dizia nada – ia ser quarto, fosse como fosse... –, mas o golo tinha impacto na luta do título, pois o Union, que se colocara na frente da Liga com um golo de Adingra, a abrir a segunda parte, passava para o segundo lugar com este empate a uma bola. O KRC Genk, que por essa altura ganhava em casa ao Royal Antuérpia, por 2-1, era agora o líder. Só faltava um minuto e tudo o que a equipa de Wouter Vrancken precisava era de aguentar aquele resultado – e que o Union não voltasse a marcar. Sabendo disso, os jogadores da capital foram como loucos para a frente. Tinham os descontos para fazer um golo que lhes desse o campeonato, que lhes premiasse um ano de regularidade na frente. O efeito, no entanto, foi o contrário: foi o FC Bruges que marcou de novo, aos 90+3’, por Lang, no seguimento de um contra-ataque que deixou o ataque dos ainda campeões em quatro para um. Com o 1-2, o Union já não tinha hipóteses e o helicóptero da Liga, que passou aquelas duas horas a sobrevoar os estádios com o troféu, pôde finalmente dirigir-se para Genk. Tudo indicava que o campeão ia sair dali. Só que também não foi o KRC Genk. Um minuto depois do segundo golo do FC Bruges, o defesa-central Toby Alderweireld marcou o golo mais importante da sua vida: apanhou a bola que lhe deixara Ekkelenkamp junto à meia-lua e deu-lhe com violência e exatidão de pé direito, levando-a ao ângulo superior da baliza de Vandevoordt. Ninguém conseguiu ficar indiferente. O campeão afinal era o Royal Antuérpia.