Terça de Ramos
Gonçalo Ramos obteve o primeiro hat-trick deste Mundial, logo no dia em que Fernando Santos arriscou a sua entrada em vez de Cristiano Ronaldo. Portugal goleou a Suíça e está nos quartos-de-final.
Gonçalo Ramos ria-se abertamente, como o menino que ainda é, em pleno relvado do Estádio Lusail, no final do Portugal-Suíça, quando foi buscar uma bola que guardou como um tesouro, cumprindo uma tradição antiga, a que recompensa os autores de hat-tricks no futebol. Foi um daqueles jogos em que o avançado merecia que o futebol ainda fosse como nos velhos tempos, quando a bola com que se jogava era sempre a mesma – porque só assim teria a certeza de que levava com ele a que metera três vezes na baliza de Sommer. Para a estreia como titular na seleção, e ainda por cima num desafio com a responsabilidade acrescida de ter de substituir Cristiano Ronaldo, Ramos não podia esperar mais desta terça-feira. Marcou o primeiro com um bilhete notável de força e colocação, em remate à meia-volta, acrescentou-lhe o segundo, a fazer os 3-0, com um movimento de antecipação ao central ao primeiro poste; e coroou a proeza com o terceiro, isolado na cara do guarda-redes suíço, que bateu com uma picadinha. No final do jogo, Ramos saía em glória, com a bola debaixo do braço, mas Fernando Santos era também um dos vencedores da noite – mesmo que não tenha querido explicar em que é que o jovem atacante do Benfica difere estrategicamente do veterano capitão da seleção. Tenha sido por causa das palavras de Ronaldo à saída do Portugal-Coreia, por algo que se passou entretanto e que não foi do conhecimento do público, ou por razões estratégicas que o selecionador apontou mas não explicou, a decisão que ele tomou foi histórica. Agora, haverá por aí muita gente a dizer que há muito tempo reclamava o sacrifício de Ronaldo, mas uma coisa é ter a sensação de que a coisa pode funcionar e outra é arriscar pô-la em funcionamento. A cabeça que estava no cepo era a do selecionador. E Santos avançou.
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