Talento? Sim, mas enquadrado
O Sporting bateu o Tottenham num jogo em que as duas equipas pareciam resignadas com o empate até à revolta de Porro. Houve talento, sim, mas o jogo decorreu como foi desenhado no tablet de Amorim.
O rigor e a concentração permanentes da linha mais recuada e o acerto estratégico da frente de ataque móvel valeram ao Sporting uma vitória no limite contra o Tottenham (2-0), em jogo da segunda jornada da Liga dos Campeões, em Alvalade. Os leões marcaram apenas aos 90’ e aos 90+3’, por Paulinho, em golpe de cabeça após um pontapé de canto, e pelo estreante Arthur Gomes, em lance individual, resolvendo quase sobre o apito final uma partida em que as duas equipas pareciam já dar-se por satisfeitas com o 0-0 que as manteria a par no topo da classificação do grupo. Com este desfecho, são os portugueses quem se isola na frente, fazendo aumentar as hipóteses de repetirem a qualificação para os oitavos-de-final, que já na época passada alcançaram.
Rúben Amorim, o treinador do Sporting, enalteceu no final o papel desempenhado pelos seus jogadores, diminuindo o seu próprio mérito. “O que fez a diferença foi a qualidade individual dos nossos jogadores. Se olharmos para a nossa primeira oportunidade, um remate do Pote, foi o talento dos jogadores na saída rápida. A ocasião do Edwards não teve nada do treinador: foi ele que pegou na bola e foi por ali a fora”, sintetizou Amorim, dando até mais exemplos desta sua ideia. Mas isso não explica a história toda. O talento, indiscutível, por exemplo de Edwards, numa jogada que mesmo sem dar golo levantou o estádio, pouco antes do intervalo, foi sempre suportado pela minúcia com que a linha defensiva roubava a profundidade a Son e Richarlison, impedindo-os de dar seguimento aos lançamentos feitos entre linhas por Kane. Ou por uma estratégia bem definida de saída de bola pela direita, na qual Porro atraía Perisic e encontrava depois o apoio de pelo menos dois – às vezes três – atacantes para a saída rápida no espaço entretanto libertado. Tal como em Frankfurt, na primeira ronda, o jogo decorreu sempre conforme tinha sido desenhado no tablet de Amorim. E foi por isso que, mesmo tendo mais posse de bola do que o Tottenham, o Sporting não conseguiu domínio territorial, mas teve, ainda assim, a maioria das ocasiões flagrantes de golo.
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