Só pode haver um
A história da conquista do primeiro título do FC Differdange passa pela blindagem do grupo pelo treinador português Pedro Resende, e também pela visão de Fabrizio Bei, artífice da fusão entre rivais.
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Quem visse o presidente Fabrizio Bei, eufórico, a arrasar na pista de dança, com a imitação de Claude François que ele escolheu para assinalar a conquista do primeiro título de campeão do Luxemburgo do FC Differdange, garantida nessa tarde com uma vitória (1-0) no dérbi comunal contra o Progrès Niederkorn, dificilmente imaginaria que aquele mesmo homem tinha tido, há pouco mais de 20 anos, a frieza e a clareza de espírito suficientes para defender a fusão entre os dois rivais da mesma cidade num só emblema capaz de chegar ao topo da hierarquia do futebol nacional. O Red Boys e a AS Differdange eram adversários implacáveis, daqueles de fazer parar a cidade sempre que se defrontavam, mas andavam longe dos períodos áureos há décadas. Aliás, em rigor, só o primeiro destes dois clubes conheceu verdadeiramente um apogeu, mas tinha sido antes da II Guerra Mundial, quando ganhara cinco dos seus seis títulos de campeão. Como vice-presidente e diretor-desportivo, Bei, que enquanto futebolista até tinha ganho uma Taça do Luxemburgo e jogado as competições europeias pelos Red Boys, foi dos que mais força fez pela união. Agora, viu esse esforço recompensado, muito graças a uma igualmente invulgar capacidade de voltar atrás na relação com o treinador, o português Pedro Resende, que ele demitira em Outubro de 2022 para readmitir meses depois, e que foi capaz de unir o grupo em cima de uma eliminação dolorosa na Liga Conferência contra os eslovenos do Maribor.