Pressão, transição e Taremi
Foi um FC Porto de labor e, à imagem do craque iraniano, avesso a festejos, o que ganhou por 4-1 ao SC Braga, fazendo renascer as dúvidas em torno da candidatura minhota a um lugar entre os primeiros.
FC Porto e SC Braga estão nos dois lados de um mesmo espelho. Tal como já tinha mostrado frente ao Sporting ou até em Madrid, onde perdeu mas foi melhor do que o Atlético, a equipa campeã nacional é mais dada a jogos em que pode deixar o traje de gala no balneário e vestir o fato-macaco próprio de uma identidade laboriosa feita de pressão e transição. O SC Braga, que já tinha sofrido três golos no outro jogo de exigência máxima nesta Liga – ainda que aí, ao Sporting, tenha marcado outros três – mostra o contrário: brilha com intensidade quando os desafios se resumem a demonstrações de poderio ofensivo mas encolhe-se se as partidas lhe exigem um pouco mais no plano do agonismo. Os 4-1 com que o FC Porto ganhou ao SC Braga, em jogo da oitava jornada da Liga, justificam-se com o foco total dos campeões no seu regresso ao DNA de pressão e transição, mas não só: houve também muito Taremi. O iraniano foi instrumental nos primeiros três golos e não festejou nenhum, justificando o facto com os problemas sociais neste momento existentes no seu país. Tal como a equipa, também ele não está para festas.
“Estou feliz pela vitória do FC Porto, mas pela situação que está a acontecer no Irão não podia festejar os golos. Não podia fazê-lo por respeito ao nosso povo”, explicou Taremi no final da partida ao Porto Canal – que o FC Porto não voltou a arriscar colocá-lo na flash interview da Sport TV, mas afinal admitiu que ele falasse acerca de temas que não exclusivamente o jogo. E o rosto fechado do atacante iraniano após cada golo que ele ajudara a desembrulhar com uma exibição esplendida não tinha passado despercebido. No primeiro golo, aos 32’, foi ele que abriu a defesa do SC Braga, depois de dois duelos seguidos ganhos pelos seus colegas – Evanilson a Niakaté e Pepê a Tormena. No segundo, menos de dois minutos depois, recuperou uma bola saída de um mau passe de Vitinha e imediatamente solicitou Pepê na profundidade, deixando a equipa num 3x3 que acabou com o 2-0. E no terceiro, aos 63’, voltou a circular pela área minhota, fazendo a bola passar entre as pernas de Tormena antes de a oferecer a Pepê para uma finalização que acabava com as dúvidas que o autogolo de Pepe e uma bola na barra de Ricardo Horta tinham, ainda assim, trazido à partida. Até final ainda foi sobre ele que Matheus cometeu a falta que estaria na origem da expulsão do guarda-redes bracarense, colocando ponto final numa exibição imponente.
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