Pressão nas asas do dragão
A identidade deste FC Porto passa muito pela concentração de gente dentro e pela projeção constante e simultânea dos dois laterais. O Marítimo tentou contrariar, mas saiu goleado.
Ao segundo jogo oficial da temporada começa a perceber-se de que vai ser feito o FC Porto de 2022/23. Em cinco anos à frente da equipa, Sérgio Conceição tem mudado quase sempre, fazendo do emblema com que ganhou três Ligas o maior camaleão da competição. Desta vez, a identidade do FC Porto vem feita de pressão ainda mais intensa do que o habitual, com grande preponderância dos dois laterais, transformados em autênticas asas deste dragão, tanto em momento defensivo como ofensivo. Foi a partir da projeção constante e simultânea de João Mário e Zaidu, bem como da irrepreensível definição de Taremi, que os dragões construíram a goleada (5-1) com que despacharam o Marítimo, na primeira etapa da defesa do título de campeão nacional. Apesar do desnível do resultado, este foi um jogo estrategicamente muito interessante de seguir, pois Vasco Seabra, o treinador insular, quis contrariar o impulso portista. E o Marítimo criou vários lances de perigo para a baliza de Diogo Costa. Não teve foi a mesma capacidade de definição.
Mesmo antes do primeiro golo portista, obtido por Taremi logo aos 13’, no seguimento de uma recuperação de bola de Zaidu sobre Wink, num momento em que os maritimistas já se projetavam para atacar, a equipa verde-rubra tinha tido um remate de Xadas a raspar a trave (aos 3’) e Joel Tagueu na cara do guarda-redes da casa, após um mau atraso de Marcano (aos 9’), valendo na ocasião a boa mancha de Diogo Costa. O Marítimo não apareceu no Dragão encostado atrás: respondeu a este 4x3x3 muito interior em que se tem colocado o FC Porto com um sistema idêntico, com Diogo Mendes atrás de Beltrame e Miguel Sousa a meio-campo, mas com Xadas e Vidigal bem abertos nas alas do ataque, na tentativa de explorarem as costas dos dois laterais portistas sempre que estes se projetassem no terreno. Conseguiu fazê-lo até com alguma frequência, mas nunca teve a qualidade do adversário quando chegava o momento da verdade. E a questão é que para pôr em campo esta estratégia tinha de correr mais riscos atrás, nomeadamente na forma como tentava atrair a pressão através da saída de bola curta. Aí, contra o campeão nacional, já se sabe que o mínimo descuido é a morte do artista.
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