Os meus 26 para o Europeu
Umas horas antes de Fernando Santos, aqui deixo a que seria a minha lista de 26 para defender o título europeu de Portugal. E há surpresas.
O alargamento de 23 para 26 do total de vagas em cada seleção nacional na fase final do Europeu vai permitir aos selecionadores esquecer o dilema habitual entre levar oito defesas ou sete médios, mas criará outros, tais como por onde espalhar os jogadores-extra. No caso de Portugal, parece-me a mim, as grandes dúvidas estarão no ataque, que pode bem ser o setor privilegiado por este alargamento na lista do tradicionalmente conservador Fernando Santos. O que se segue é a minha lista, com as minhas escolhas, ainda que de caminho me atreva a deixar ideias acerca da que me parece vai ser a lista do selecionador campeão da Europa e da Liga das Nações.
Se a lista de 23, expurgada do terceiro guarda-redes, permitia fazer exatamente dois onzes – mas nela muitas vezes os selecionadores apostavam na polivalência de alguns jogadores para meter um médio-extra –, a de 26 permite isso e muito mais. O próprio Fernando Santos disse já que assim levará seguramente oito defesas, dois para cada vaga, o que quer dizer que os três jogadores a mais se distribuirão entre meio-campo e ataque. No caso do plantel nacional, eu diria um médio a mais e dois atacantes – e mesmo assim, com oito vagas na frente, não vai ser fácil escolher. Seguros no ataque estão Ronaldo, Jota (que recuperará da lesão), André Silva, Bernardo Silva e João Félix. Restam três vagas e, se olharmos aos jogadores chamados por Santos nas últimas duas épocas, nove candidatos. Ou melhor, oito, que Pedro Neto está fisicamente impossibilitado. São eles: Rafa, Trincão, Bruma, Podence, Gonçalo Guedes, Paulinho, Éder e Gonçalo Paciência. A estes oito, porém, eu juntaria mais dois: Nani, que tem estado muito bem no início de época da MLS, e Pedro Gonçalves, uma das figuras do título nacional do Sporting e primeiro português a sagrar-se melhor marcador da Liga desde que Domingos Paciência o fizera, há 25 anos.
Dos oito, eu escolheria Bruma, Gonçalo Guedes e Nani. Bruma foi o melhor jogador da Liga grega e dá à equipa a possibilidade de abrir o jogo em largura como mais ninguém. Guedes é o compromisso entre as posições de extremo e de ponta-de-lança. E Nani é a arte que esta equipa deixou de ter com a perda de Quaresma e a transformação de Ronaldo num avançado cada vez mais utilitário. Pedro Gonçalves e Rafa seriam os principais injustiçados com esta escolha, mas se o primeiro (tal como Trincão) ainda pode ser útil aos sub21, o segundo precisa de melhorar na decisão e na resistência ao contacto. Se algum deles entrasse seria às custas de Bruma, uma espécie de 26º jogador da lista. A escolha de Santos será, quase de certeza, bem diferente da que eu faria – na lista oficial estará certamente Rafa e não figurarão Bruma nem Nani, porque creio que Santos levará oito médios.
No meio-campo também há gente segura de estar no avião. Creio que Danilo, Palhinha, Sérgio Oliveira, Bruno Fernandes, João Moutinho e Renato Sanches serão nomes comuns à minha lista e à de Fernando Santos. William Carvalho, médio de que gosto bastante e que chegou a ser importante na dinâmica deste grupo, não tem sido escolha regular no Betis e, assim sendo, fica difícil justificar a sua chamada à frente de gente que tem mostrado rendimento semana a semana. Aos seis jogadores mencionados, eu juntaria João Mário, que não joga pela equipa nacional desde a derrota na Ucrânia, em Outubro de 2019: pode dar à equipa cultura tática, gestão de ritmo com bola, auxiliando Bernardo Silva nesse particular. Creio que Santos pode deixar João Mário de fora, preferindo Rúben Neves, um médio-centro mais defensivo. E até que pode acabar por levar William, pelo peso específico que tem no grupo, sacrificando o tal oitavo avançado, como vimos atrás.
Por fim, no setor defensivo, as contas são fáceis de fazer – ainda que as escolhas possam vir a ser difíceis. São quatro defesas-laterais e quatro defesas-centrais, bem como três guarda-redes. Na baliza, Rui Patrício e Anthony Lopes são inamovíveis, podendo o terceiro nome variar entre Rui Silva e José Sá. Creio que a escolha do selecionador vai passar pelo guardião do Granada, sempre mais em jogo do que o titular do Olympiakos. Ainda assim, para escolher um terceiro guarda-redes é sempre mais importante tem em conta questões de convivência – e aí não é fácil para quem está de fora fazer a avaliação concreta. Na linha defensiva, creio que em aberto estarão apenas a escolha do quarto lateral e do quarto central. Na lista devem estar Cancelo, Guerreiro, Nuno Mendes e um entre Cédric e Nélson Semedo, possivelmente este último, ainda assim mais importante no Wolverhampton do que o campeão europeu de 2016 no Arsenal. Ao meio, parecem seguros Rúben Dias, Pepe e José Fonte, devendo o outro nome ser o de Domingos Duarte, ainda que eu preferisse lá ver Rúben Semedo.
Amanhã à noite ficaremos a conhecer os eleitos de Fernando Santos. Os meus aqui ficam, em resumo.
Guarda-redes: Rui Patrício, Anthony Lopes e Rui Silva;
Defesas: João Cancelo, Nélson Semedo, Guerreiro, Nuno Mendes, Rúben Dias, Pepe, José Fonte e Rúben Semedo;
Médios: Danilo, João Palhinha, Sérgio Oliveira, João Moutinho, Renato Sanches, João Mário e Bruno Fernandes;
Avançados: Bruma, Bernardo Silva, João Félix, Gonçalo Guedes, Ronaldo, Jota, André Silva e Nani.