Os donos da bola: França (2024)
O caminho dos grandes clubes franceses até ao Olimpo é mais árduo do que muitos acharam. Nem o PSG ganha a Champions, nem os seus lugar-tenentes conseguem o sucesso. 2024 vai ser ano de mudanças.
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As dificuldades na renovação do acordo de direitos televisivos, que será revisto em baixa, bem como a superioridade marcada e difícil de contornar do Paris Saint-Germain do capital qatari, têm levado muitos dos donos dos clubes da Ligue 1 francesa a pensar em abandonar as suas posições. Em 2023, um pouco em contraciclo, o RC Estrasburgo ainda foi vendido pelo grupo de investidores que o tirara de dificuldades ao consórcio que controla o Chelsea, no âmbito de um plano global, mas o ano de 2024 poderá muito bem ser de grande revolução na paisagem acionista dos maiores clubes de França com algumas vendas em baixa. Fala-se com insistência nas cedências de grandes clubes, como o Olympique Marselha, o AS Mónaco ou o Olympique Lyon, cujos donos (Frank McCourt, Dmitriy Rybolovlev e John Textor) estarão insatisfeitos com as dificuldades que enfrentam para serem competitivos. E o OGC Nice também está na fila para mudar de patrão, devido à entrada do seu dono, o britânico Jim Ratcliffe, no capital do Manchester United.
O futebol francês de topo é ainda um misto entre a chegada do grande capital e o feudo de alguns poderosos industriais interessados na modalidade, mas pode muito bem ter de rever em baixa muitas das suas expectativas. Por enquanto, há de tudo. Desde tomadas de posição de grandes grupos internacionais, como os cataris que mandam no Paris Saint-Germain ou os norte-americanos que são donos do Olympique Marselha, do Olympique Lyon e do Toulouse FC, a sociedades de incidência fortemente familiar, como o Montpellier HSC dos Nicollin. Pelo meio, há fortunas incalculáveis a passear pelo futebol de alto rendimento, de gente como o francês Pinault, o russo Rybolovlev ou o britânico Ratcliffe.
Muitos dos clubes franceses que hoje competem na Ligue 1 foram comprados por um euro simbólico, de tão falidos que estavam. O que prova que uma boa direção pode fazer toda a diferença entre o fracasso e o sucesso. Certo é que nomes históricos como Claude Bez ou Bernard Tapie têm sucessores à altura no atual panorama do futebol francês, ainda dominado pelo capital de origem nacional. É difícil comprar um clube do escalão principal, a não ser que se esteja na disposição de abrir muito os cordões à bolsa: John Textor, o bilionário norte-americano que tentou entrar na SAD do Benfica, pagou mais de 800 milhões de euros pelo Olympique Lyon, em finais de 2022 – e já circula que estará arrependido. O mais fácil é mesmo comprar abaixo e apostar na competência para se fazer o caminho ascensional. Foi assim que começou a história de boa parte dos 20 proprietários de clubes do escalão principal. Nos 18 parágrafos que se seguem, pode ficar a conhecer todos os donos dos clubes da Ligue 1 francesa.