Os Donos da bola (8): Países Baixos
Nos Países Baixos, quase todos os clubes são sociedades anónimas, mas são raros os casos em que o capital se dispersou ou saiu debaixo da alçada de fundações que eles próprios formaram ao mesmo tempo.
Nos Países Baixos, poucos são os clubes que não tenham no início deste século passado por muito complicados processos que podiam tê-los conduzido à falência. A maior parte é hoje detida por fundações que reestruturaram o património e as dívidas, tendo alguns deles tido de recorrer a financiadores externos – geralmente grupos de adeptos que lhes emprestaram dinheiro contra a possibilidade de passarem a ter uma palavra a dizer na gestão, e até, em alguns casos, os próprios municípios, que se deixaram enredar em teias de “brand awareness” ou em processos de construção e posterior aluguer de infra-estruturas desportivas que os deixava prisioneiros. Ainda assim, poucos são os casos de clubes na Eredivisie que tenham ido parar às mãos de privados: há um russo, um turco, e um par de holandeses, um dos quais até foi futebolista internacional jovem, mas depressa entendeu que faria mais fortuna nos negócios do que a jogar.
No meio de todo este panorama, há o caso de sucesso do Ajax, que está cotado em bolsa, incluído no Euronext de Amesterdão, mas o fez através de uma Oferta Pública de Venda em que só abriu ao público 17 por cento das ações, mantendo o controlo sobre o remanescente. Há o exemplo do PSV, que sempre pertenceu à Phillips e nos anos iniciais até usava a possibilidade de oferecer empregos na fábrica de eletrodomésticos como forma de seduzir jogadores a assinar contrato. Há a entrada de Billy Beane, o homem que esteve na origem de “Moneyball”, no Alkmaar, mas em condições muito especiais. E há casos muito curiosos, como o dos Amigos do Feyenoord, que salvaram o gigante de Roterdão, o do Bierhuisgroep – basicamente, o “Grupo da Cervejaria” –, que tomou conta do Cambuur, ou ainda o complicado negócio de imobiliário e construção que levou um empreiteiro a envolver o município de Waalwijk e a criar ao RKC uma necessidade que o clube aparentemente nem sabia que tinha para depois ir cobrar a dívida. Tudo explicado nos 18 parágrafos que se seguem, destinados a contar quem são os donos da bola no futebol neerlandês.
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