Os donos da bola (5): La Liga
O poder nos clubes espanhóis está marcado pela lei das sociedades desportivas, de 1992. Só quatro conseguiram manter a força dos sócios. Os outros ainda estão muito nas mãos de famílias tradicionais.
Só há quatro clubes profissionais em Espanha que não são sociedades desportivas: o Real Madrid, o FC Barcelona, o Athletic Bilbau e o Osasuna. A responsabilidade é da lei de 1992, que impediu todos os clubes que tivessem dívida de se inscreverem nas Ligas profissionais. A escolha era entre a conversão em sociedades, que teriam de constituir capital no montante da dívida, ou a descida à II Divisão B. E daí saíram grandes confusões, como as que imperaram no Atlético de Madrid, com a apreensão e posterior devolução das ações de Jesus Gil y Gil, ou no Betis, com o diferendo a propósito das ações do presidente Manuel Ruiz de Lopera, ou ainda a que atualmente ensombra o poder no Cádiz CF, com a dissolução da sociedade que tonara conta do clube.
Hoje, além daqueles quatro clubes, bastiões orgulhosos do poder dos sócios – apenas porque o seu volume de negócios lhes permitiu tapar a dívida, fosse porque faturavam muito ou por gastarem pouco – muitos dos que jogam na I Liga têm capital maioritariamente espanhol. E alguns ainda optaram por dispersar esse capital de tal forma que as assembleias de acionistas mais se assemelham às antigas reuniões, com milhares de sócios com direito a voto. Há, ainda assim, casos de investimento estrangeiro na busca da rentabilização que a presença numa das Ligas mais transmitidas e vistas em todo o Mundo pode proporcionar. É o caso do Valência CF de Peter Lim (Singapura), mas também do Granada CF do chinês Jiang, do Espanyol do igualmente chinês Chen, do RCD Maiorca do norte-americano Sarver e do Elche CF, do antigo agente de Maradona, Bragarnik.
As famílias tradicionais é que estão claramente em perda. Miguel Ángel Gil, um dos filhos de Jesus Gil y Gil, é dos poucos que mantém essa ligação ao clube da família, com 51% das ações que eram do pai e lhe foram devolvidas pelo tribunal. E há casos muito curiosos, como o que os Roig fizeram em Villarreal ou o facto de o Alavés pertencer a uma equipa de basquetebol da mesma cidade de Vitória, que entretanto anda por aí a comprar clubes de futebol um pouco por todo o Mundo. Nos próximos 20 parágrafos, ficará a conhecer em detalhe quem manda nos 20 clubes da Liga espanhola.