Os dois Portugais
Uma equipa capaz de manejar bem os vários momentos do jogo pode sempre ser candidata a alguma coisa. Curiosamente, na dupla face, a Portugal tem faltado o rosto que todos achamos que é o verdadeiro.
Temos visto dois Portugais neste Mundial. Um faz do toque curto e da circulação, nem sempre paciente e na verdade quase nunca desequilibrante, o seu DNA. O outro só surge quando os jogos se partem e prefere meter os olhos nas grandes planícies que nessa altura se abrem nos meios-campos adversários para se tornar perigoso, quase sempre em transição. Uma equipa que maneje bem estes dois futebóis tem condições para se tornar candidata a alguma coisa. O plano é simples de explicar: entra-se a controlar a posse, como com o Uruguai ou o Gana, guarda-se a bola, faz-se um golo e obriga-se o adversário a sair do buraco, a destapar-se, coisa que nem ganeses nem uruguaios pareciam dispostos a fazer logo de início. E aí acaba-se com os jogos graças à visão e capacidade de passe dos médios e às desmarcações de rotura dos atacantes. O que é curioso é que andamos há anos a dizer e a ouvir que a seleção tem gente melhor para o primeiro Portugal, jogadores que era um crime estarem agrilhoados àquele futebol de ataque rápido que as caraterísticas de Cristiano Ronaldo lhes impunham, mas vai-se a ver e a parte do plano que está a fracassar é precisamente a primeira. É para desistir? Não. Nem por sombras. Mas já é mais do que altura de afinar e de perceber por que razão o ataque organizado de Portugal não sai com a capacidade de desequilíbrio que a categoria dos jogadores permitiria antecipar.
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