Os abre-latas encarnados
A dinâmica que levava João Mário e Aursnes a baixarem para fora do bloco italiano foi demasiado forte para a Juventus conter. Mas o Benfica acabou a sofrer num jogo em que esteve à beira de golear.
O Benfica garantiu a presença nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e manteve-se a par do Paris Saint Germain na luta pelo primeiro lugar do seu grupo ao vencer a Juventus pela segunda vez, agora na Luz, por 4-3. O resultado pode até colocar o foco nas dificuldades e na incerteza que rodeou a distribuição dos pontos no final, mas a história do jogo foi de ampla superioridade de uma equipa portuguesa que chegou a esboçar a goleada, sobretudo fruto do posicionamento inteligente dos três atacantes que suportavam o ponta-de-lança, Gonçalo Ramos, e que fizeram com que a formação comandada por Massimiliano Allegri tivesse vivido períodos em que esteve completamente perdida em campo.
Antes do jogo, poderia pensar-se que o 3x5x2 da Juventus teria condições para se superiorizar a meio-campo ao 4x4x2 do Benfica, uma vez que Locatelli, McKennie e Rabiot tinham o peso dos números a favorecê-los face a Enzo Fernández e Florentino, os dois médios encarnados. Só que, se por um lado o posicionamento da linha de médios juventina nunca obstou à fácil e tranquila atividade da dupla benfiquista, que como habitualmente baixava em construção para perto dos dois defesas-centrais, por outro, a disponibilização permanente de João Mário e Aursnes, sempre por dentro, muitas vezes frente aos médios da Juventus, veio criar pontos de apoio para o desenvolvimento do futebol benfiquista. E se a colocação dos dois “extremos” por dentro já não é novidade na equipa de Roger Schmidt, o seu recuo simultâneo no campo, de forma a atrair a marcação dos italianos e alargar o espaço entre linhas para as arrancadas de Bah, Grimaldo ou Rafa, já foi algo que Allegri, claramente, não esperava e que a Juventus nunca conseguiu contrariar.