O risco da satelização
A entrada de acionistas estrangeiros no capital das nossas SAD pode ser vista como forma de ganhar competitividade, mas acarreta o risco da satelização das barrigas de aluguer.
Os sócios do Vitória SC vão deliberar, em Assembleia Geral marcada para 3 de Março, se aceitam a venda de 46 por cento da SAD do clube à V Sports, a empresa que é dona do Aston Villa e que funde os interesses do egípcio Nassef Sawiris e do norte-americano Wesley Edens. A ser aprovada, a solução não será caso virgem no futebol português, onde já há interesses de acionistas importantes de clubes estrangeiros a assumirem papel relevante no SC Braga, no Boavista ou no FC Famalicão e onde a gestão do futebol do Casa Pia também é feita por uma empresa que dá as cartas em clubes fora do país. Os benefícios, apontou-os bem o atual presidente do Vitória SC, António Miguel Cardoso, quando referiu o investimento que a parceria permitirá ou até a partilha de dados de “scouting” com um clube dotado do poder financeiro do Villa. Os riscos estão bem à vista na mesma página da edição de hoje do jornal O Jogo em que Cardoso diz que aceitará a decisão dos sócios e que não lhes lançará nenhum ultimato: “Bamba apontado ao Aston Villa”, lê-se em título na coluna logo a seguir. É o risco de satelização, de ver o Vitória SC assumir um papel de simples barriga de aluguer para os jogadores que o clube principal da carteira dos investidores tem debaixo de olho mas aos quais não reconhece ainda categoria para poderem aspirar a um lugar no plantel. E se for só isso já não é nada mau. Porque há casos muito menos claros.