O que salva uma época
O CD Tondela salva a época com a presença na final da Taça, mesmo que desça? O Sporting salva a época se eliminar hoje o FC Porto, estando à beira de perder a Liga? E o FC Porto? O que lhe falta?
O que é que salva uma época? Depende dos objetivos e do nível de expectativa, pois então. O CD Tondela salva a época com a presença na final da Taça de Portugal, que ontem garantiu, empatando em Mafra, se antes de a jogar tiver descido de divisão? O Sporting salva a época se ganhar a Taça de Portugal, juntando-a à Taça da Liga e à Supertaça, mesmo tendo em conta que vai muito provavelmente perder o título de campeão nacional para o FC Porto? E o FC Porto, salva a época sendo campeão nacional, se não fizer a dobradinha para compensar a queda na fase de grupos da Liga dos Campeões e a eliminação da Liga Europa por um Olympique Lyon que parecia estar ao seu alcance? O equilíbrio, aqui, é difícil de atingir, porque uma coisa é a realidade e outra aquilo que os responsáveis destes clubes projetam para o balneário, na necessidade de instigar o espírito de conquista, e para o exterior, de forma apaziguar ou empolgar os adeptos. Mas a verdade é que todos terão tido bons momentos. E maus. E o contrário nem seria saudável.
“Os nossos nomes vão ficar gravados para sempre na história do CD Tondela”, dizia ontem Nuno Campos, o treinador que substituiu Pako Ayestarán aos comandos do clube, lá está, na tentativa de salvar a época – isto é, de assegurar uma manutenção na I Liga que começava a pôr-se complicada. A permanência continua difícil – o CD Tondela é para já penúltimo e três dos quatro jogos que lhe restam são contra equipas envolvidas numa luta europeia que passa, curiosamente, pela necessidade de os beirões perderem a Taça de Portugal – mas a festa que vai ser a tarde de 22 de Maio no Jamor compensará qualquer coisa no plano afetivo. Só que o futebol vai para lá disso. O CD Tondela é uma SAD, os investidores que dela tomaram conta esperam retorno e a II Liga não só garante menos receita como tem ainda menos visibilidade, se o objetivo for valorizar jogadores. Portanto, a presença na final da Taça de Portugal não salva a época da equipa beirã. O que faz, isso sim, é adoçar a boca aos adeptos, que naquele dia poderão esquecer qualquer coisa que eventualmente tenha corrido mal na Liga – só nessa altura saberemos se correu ou não. Nuno Campos tem razão quando diz que os nomes dos finalistas ficarão gravados na história do clube, mas no plano prático isso não compensará os efeitos nefastos de uma eventual descida de divisão. Não salva a época, portanto.
E o mesmo se aplica aos grandes. Ainda ontem Rúben Amorim foi confrontado com a questão acerca do balanço da época. “É preciso ganhar a Taça de Portugal para se dizer que o Sporting teve uma época de sucesso?”. E respondeu de forma equilibrada, lembrando que a equipa já ganhou a Taça da Liga e a Supertaça. “No ano passado, esta seria uma boa época, porque já ganhámos dois títulos. Mas o principal, que é o campeonato, ficou praticamente impossível. Portanto, a época ficou escassa”, disse. Há nestas palavras do treinador leonino um piscar de olhos a duas fações radicais na maneira de ver estas coisas. Por um lado o instigar dos seus jogadores, por terem falhado o objetivo principal, de modo a espicaçar-lhes a ambição antes do complicado desafio de hoje, mas por outro o apaziguar dos que, de repente, olham para o que foi feito e só veem falhanço, pondo tudo em causa. Ao que tudo indica, o Sporting irá falhar na conquista do bicampeonato, mas o clube não é bicampeão desde 1954. Há 68 anos. Os leões podem até ser hoje eliminados pelo FC Porto – entram no relvado com um golo de desvantagem – mas garantiram dois troféus nacionais. É apenas a décima vez na história do clube que isso acontece e a terceira nos últimos quatro anos, depois de ter ganho Liga e Taça da Liga em 2021 e Taça de Portugal e Taça da Liga em 2019. Se eventualmente vier a vencer a Taça de Portugal, esta será a primeira época na história do clube em que o Sporting vence três troféus nacionais.
Isso salva a época? Não, porque o objetivo principal não foi atingido. Mas se garantir a Liga dos Campeões através do segundo lugar diminui os efeitos práticos do fracasso. E este não terá deixado de ser um ano com boas sensações para os adeptos. Como boas serão sempre as sensações para os adeptos do FC Porto, mesmo que a equipa repita na Taça de Portugal o falhanço da Taça da Liga e das competições europeias. A conquista do campeonato é sempre o objetivo principal – e esse o FC Porto está à beira de o garantir. Isso, só por si, chega para transformar a temporada num sucesso. Se os dragões lhe juntarem a dobradinha – que até já obtiveram em 2020 – o êxito será retumbante. Como foi nessa altura, mesmo tendo a equipa falhado na pré-eliminatória da Liga dos Campeões contra o FK Krasnodar e ficado nos 16 avos de final da Liga Europa, aos pés do Bayer Leverkusen. Portanto, a eliminação na fase de grupos da atual Liga dos Campeões e a queda face ao Olympique Lyon nos oitavos-de-final da segunda competição europeia deste ano terão sempre sido dois passos em frente face a essa temporada de boa memória.
Ontem, Sérgio Conceição dizia que “não vale tudo para ganhar”. Concordo – ainda que não necessariamente pelas mesmas razões ou tendo as mesmas situações em mente. E vario a frase. Não se pode ganhar tudo. Nem é saudável.
A minha opinião enquanto sportinguista é de que a época é positiva.
Ganhar Taça da Liga, Supertaça, ( sempre sao 2 trofeus na época ) passagem aos 1/8 final da CL e no final deste campeonato assegurar mais uma época de CL com o segundo lugar, só pode ser positivo para aquele que se quer seja o crescimento sustentado do clube.
A valorização do plantel é também algo que não pode deixar de ser mencionado.
AT é bem saudável ganhar tudo. Que o digam os portistas que sabem o q isso é ou os culés com o Barça de Guardiola.
Acho que se uma época em que se ganha uma supertaça e uma taça da liga se vê como uma época razoável ou boa, então isso distingue bem a diferença de exigência entre Porto e Sporting e o porquê do 2o estar ainda alguns patamares abaixo. A mentalidade faz toda a diferença. Uma época em q o Porto ganhasse uma supertaça e uma taça da liga seria sempre um fracasso. Recordo que Jesualdo Ferreira chega a sair do FC Porto depois de ganhar uma taça de Portugal e muito criticado pelos adeptos.
Atenua um fracasso mas n deixa de ser um fracasso. Tal como seria para o Porto ganhar apenas a taça de Portugal.
Época de sucesso passa sempre por ser campeão. Por isso, dos 3 exemplos q apresentou, acho que o do Porto não faz muito sentido porque dos 3 o Porto é o único q n precisa de salvar a época. Sendo campeão a época já é um sucesso, ganhando ou não taça. Se faz dobradinha é uma grande época.
Ganhar outros troféus pode atenuar o fracasso ou então o conseguir fazer uma grande campanha europeia, com uma final europeia ou uma meia final da champions. Para salvar uma época sem campeonato só ganhando uma prova europeia.