O que queremos de Roberto
Seria impossível a qualquer selecionador dar a resposta adequada ao que cada um de nós quer dele, porque todos queremos coisas diferentes. Martínez sabe disso. Mas tenta convencer-nos do contrário.
Palavras: 6024. Tempo de leitura: 31 minutos (áudio no meu Telegram). Links para artigos: 25
A seleção nacional volta hoje a jogar, visitando a Polónia em Varsóvia (é às 19h45 na RTP1), e é esta é uma altura tão boa como qualquer outra para perguntar o que queremos nós de Roberto Martínez. Queremos que ele ganhe os jogos, como ele está convencido de que é o nosso desejo – e ainda esta semana disse que “são precisas vitórias para preparar a equipa para o Mundial”? Queremos que ele lance novos jogadores e lhes dê tempo de jogo a condizer com as promessas que eles nos vão fazendo a cada semana de Liga, como ele também está convencido de que pretendemos – e por isso não perde uma ocasião para distribuir elogios a torto e a direito, como também fez esta semana acerca de mais uma resma de futebolistas? Provavelmente queremos as duas coisas. E alguns de nós ainda querem mais. Querem que Martínez recompense os jogadores dos seus clubes com a convocatória e até a titularidade e deixe de parte os que chegam dos clubes dos outros, que já se sabe que ou são invenções dos media ou “imposições do [Jorge] Mendes”. E o problema de Martínez não é o de escolher sempre a primeira daquelas preocupações aparentemente incompatíveis, menosprezando a outra. Seja qual for a opção, esse é o problema de todos os selecionadores nacionais, que no final serão julgados apenas por uma coisa: pelos resultados. O problema de Martínez é ele usar as noções de marketing que traz da sua formação universitária para tentar anestesiar com um sorriso os que prefeririam que ele escolhesse a outra prioridade. É o piscar de olho permanente a quem defende caminhos opostas aos que ele escolheu que faz dele mais sonso do que na verdade ele é, como tentarei explicar na edição desta semana da Entrelinhas, uma edição na qual também vos falarei do futebol que se jogou e do mercado que já foi posto a mexer: o dos diretores-desportivos, com a transferência de Hugo Viana do Sporting para o Manchester City no próximo Verão.