O poder da atração
A Coreia foi menos coesa do que tinha sido contra Portugal, mas isso deveu-se à capacidade dos atacantes brasileiros para atraírem os adversários para onde lhes convinha usando... a bola.
Foi fácil, demasiado fácil, a forma como o ataque do Brasil encontrou brechas sucessivas na organização defensiva da Coreia, chegando aos 4-0 em pouco mais de meia-hora e resolvendo logo ali um jogo que serviu para voltar a encher o balão do otimismo canarinho, depois do balde de água fria que tinha sido a irrelevante mas bem dolorosa derrota com os Camarões. A Coreia, que contra Portugal tinha sido até competente a fechar o espaço interior, com dois médios-centro muito posicionais colocados à frente dos defesas centrais, e que fizera depois partir de um bloco compacto o lançamento da sua vertigem contra-atacante, foi uma sombra daquilo que se aguardava. Teve sorte o Brasil? Apanhou um adversário em noite desastrada? Sim. Mas a sorte não é para aqui chamada. O que os brasileiros mostraram foi uma enorme habilidade no manejo de um artefacto que está na base da realização deste Mundial – a bola. A forma rápida e perspicaz como sobretudo os quatro da frente – Raphinha, Neymar, Vinicius Júnior e Richarlison –, mas na verdade toda a equipa, alternavam jogo curto e longo, o drible e o passe, o apoio entre linhas com a busca da largura, a desmarcação em profundidade com a variação de centro de jogo, foi suficiente para fazer dançar irreversivelmente a organização defensiva coreana. Jung Woo-Young e Hwang In-Beom, que há três dias foram dois tampões insuperáveis no corredor central, hoje pareciam desaparecidos do local onde seria suposto interromperem essas combinações brasileiras, porque se deixavam sempre atrair pela bola. E foi com esse poder, o poder da atração, que o Brasil tirou a Coreia do caminho.
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