O plano saudita
Os craques que lá foram parar decretaram que a Liga Saudita será melhor do que as que deixaram para trás. Não é provável, mas este é um projeto mais sólido do que a NASL ou a Liga chinesa.
Pode ser o ego a falar por ele, uma voz no interior da cabeça de Cristiano Ronaldo a tranquilizá-lo: “Calma, Cristiano, não estás acabado. Estás a jogar na Arábia Saudita porque a Liga Saudita é o projeto mais sólido e prometedor do futuro do futebol”. Não é bem assim. Além de tudo o que a opção saudita representa ao nível da colaboração com a lavagem de imagem de um país que não respeita direitos humanos básicos, a verdade é que ainda há muitas dunas desérticas para subir e descer até que a Liga local seja digna das palavras elogiosas sobre ela proferidas pelo capitão da seleção nacional ou pelo brasileiro Neymar. O primeiro cobra 200 milhões de euros por ano para jogar no Al Nassr, o segundo pode até superar esses números caso cumpra os objetivos existentes no seu contrato com o Al Hilal. Os dois são os rostos principais de uma ofensiva de charme feita esta época a partir da entrada do Fundo Soberano Saudita, o PIF, no capital dos quatro maiores clubes do país. Até ao fecho do mercado, que aconteceu apenas na semana passada, os 18 clubes que compõem a Liga Saudita investiram 956 milhões de euros na compra de passes de jogadores, por um lado inflacionando o mercado, por outro ajudando muitos emblemas europeus a desfazerem-se de estrelas na reta final das suas carreiras e a alinharem as contas com as normas do Fair Play Financeiro. É muito dinheiro? Depende da perspetiva, mas parece que sim. É dinheiro deitado ao lixo? Também depende do ângulo, mas aqui já parece que não.