O jornalismo e as ameaças
O insulto e a ameaça não são admissíveis e não podem tornar-se o dia-a-dia de quem trabalha no futebol. Devem-se à radicalização que dá jeito aos clubes, mas também às empresas de comunicação social.
Há maneiras de ser bem e mal-sucedido em todas as áreas. Já cá ando há tempo suficiente para as conhecer. E há limites que não devemos cruzar nem admitir que sejam cruzados. As ameaças de que o jornalista Rui Santos diz ter sido alvo por Whatsapp – e acredito que sejam verdadeiras, pois também já tive a minha dose, ainda que apenas via redes sociais – não são admissíveis e devem ser combatidas até às últimas consequências. A publicação de detalhes da vida pessoal, seja de quem for, de árbitros, treinadores, jogadores ou jornalistas, deve ser criminalizada, porque funciona como incentivo à baderna, mesmo que a ordem de atacar não seja dada. Ela está implícita. O futebol, como refúgio de paixões muitas vezes irracionais, é uma das áreas – talvez mesmo A área – mais radicalizada da atual sociedade portuguesa, uma área em que quem condiciona se serve de exércitos acéfalos, que entram na luta só por uma questão de identidade clubística e respondem como o cão de Pavlov ao toque do sino sempre que sentem que as suas cores estão a ser postas em causa. Já houve demasiados confrontos para continuarmos a assobiar para o lado. E, pior ainda, para continuarmos tentados a comer da gamela que esta radicalização dá, a passar a imagem de que se está a “ter a coragem” para “pôr o dedo na ferida”, quando tudo o que se pretende é cavalgar a onda e viralizar para ter os favores de um mercado exíguo e onde só uns quantos se salvarão da falência. Infelizmente, nada faz crer que sejam os melhores.
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