O jardim dos russos
Onde Noé deixou a arca, joga-se um campeonato em que as melhores equipas pertencem a bilionários saídos da ex-URSS, no qual jogadores russos e ucranianos conviveram para fazer do Urartu campeão.
Diz o Antigo Testamento que foi no Monte Ararat, que a volatilidade das fronteiras leva a que hoje fique na Turquia mas que já foi parte importante da Arménia, que Noé deixou a arca, à espera que as águas do dilúvio baixassem de nível e ele pudesse voltar a soltar na natureza os exemplares que salvara de cada espécie para repovoar a Terra. O campeonato da Arménia tem inúmeros resquícios da história: em dez equipas participantes encontramos um FC Noah, dois Ararats e um Urartu, que era a forma assíria de falar no monte bíblico. Como se isso não bastasse, o campeão de 2023, que foi precisamente o Urartu, é uma ode à convivência entre povos desavindos, pois nos 38 (leram bem, 38!) jogadores utilizados pelo treinador, o russo Dmitry Gunko, até à conquista do título havia sete russos, quatro ucranianos e até um arménio nascido na Turquia. As reminiscências da antiga União Soviética são permanentes numa Liga onde há dinheiro – isso pode ser comprovado mais abaixo, na entrevista que me deu Hugo Firmino, o português que lá jogou nos últimos dois anos –, sobretudo vindo dos bolsos de bilionários que enriqueceram com o fim do antigo estado comunista.
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