O individual ao serviço do coletivo
O Benfica foi sendo bloqueado por uma boa organização defensiva do Boavista e só ganhou quando meteu velocidade e inspiração individual no jogo. Aursnes, Neres e Ramos mudaram o desafio.
O Benfica sofreu mais do que seria de esperar para vencer em casa o Boavista, por 3-1, no jogo que encerrou a 21ª jornada da Liga, mantendo assim a almofada de conforto de cinco pontos de avanço sobre o FC Porto no topo da tabela. Os líderes estiveram sempre por cima na partida, mas só a partir do intervalo aceleraram verdadeiramente o jogo, através do recuo de Aursnes para o meio-campo e da entrada de Neres, um atacante capaz de desequilibrar no um contra um. Mesmo assim, ao acerto defensivo revelado até aí, o Boavista somou nessa altura uma boa capacidade de resposta, aproveitando a atitude defensiva quase negligente dos encarnados para restabelecer o empate, imediatamente após o golo inaugural. E só a oito minutos do fim é que Gonçalo Ramos descansou os corações dos adeptos da casa, marcando o 2-1. Em mais um lance individual, pois então.
O jogo, que confirmou o acerto da escolha de Chiquinho para substituir Enzo Fernández como segundo médio – o primeiro, em momento de saída de bola –, veio lançar mais dúvidas acerca da possibilidade de Aursnes alinhar como um dos quatro homens da frente em partidas nas quais o Benfica jogue tão na frente. O norueguês, que chegou creditado como médio-centro e jogou ali, a meio-campo, nas duas primeiras vezes que Roger Schmidt lhe deu lugar no onze, contra o Marítimo e o Rio Ave, na Luz, surpreendeu toda a gente quando apareceu na esquerda da linha da frente, em Paris, em desafio da Liga dos Campeões, contra o PSG. A novidade foi então atribuída à necessidade de fechar Hakimi, um lateral-direito muito ofensivo e desequilibrador, mas desde então tem sido quase sempre por ali que o norueguês se tem mostrado. Durante a ausência de Rafa, por lesão, Aursnes chegou até a jogar como segundo ponta-de-lança. Mas se o jogo de ontem mostrou alguma coisa foi que, especialmente em jogos da Liga Portuguesa, contra adversários que se centram na missão de tapar o caminho para as suas redes, o Benfica precisa de ter gente mais desequilibradora na frente. Nesse aspeto, a troca de Florentino por Neres foi decisiva, mesmo não tendo o Benfica mudado a organização estrutural ou os posicionamentos no momento ofensivo.
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