O Hervé da Arábia
Ao terceiro dia, a primeira grande surpresa: liderada pelo francês Hervé Renard, uma espécie de Peter O'Toole do futebol, a Arábia Saudita ganhou à Argentina de Messi e Di Maria.
Há alguma coisa de Peter O’Toole em Hervé Renard, o francês que a partir de hoje ganhou o direito a ser conhecido como o Hervé da Arábia. A pinta de playboy, a forma impecável como apresenta sempre penteada a farta cabeleira loira, a vida cheia de façanhas nas mais diversas latitudes ou a fama de feiticeiro branco que o rodeia por toda a África parecem vir de um fascículo do Cavaleiro Andante ou do Mundo de Aventuras, mas mostraram-se no Qatar ao terceiro dia de Mundial. A Arábia Saudita de Renard causou o primeiro grande choque desta competição, ganhando por 2-1, de virada, a uma Argentina com Messi e tudo, algo que veio separar o técnico francês da figura histórica interpretada pelo ator britânico no notável filme de David Lean. T. E. Lawrence prometia e empenhava-se de coração mas raramente cumpria, deixava sempre que os acontecimentos o ultrapassassem e o remetessem a uma impotência que tinha o seu quê de romântico. Renard, por sua vez, recusou o destino e tomou os eventos nas próprias mãos, impondo-lhes a vontade de toda uma equipa e levando a Arábia Saudita à primeira grande vitória numa fase final. O resto do Mundial nos dirá se não foi uma vitória de Pirro.
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