O elogio do chicote
Dois dos três candidatos ao título macedónio despediram os treinadores que os deixaram na luta antes do último mês. Acabou por sair por cima o FK Struga, bicampeão num final impróprio para cardíacos.
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O último campeonato da Macedónia teve um enredo que parecia digno de um filme de Alfred Hitchcock. A três jornadas do fim, três equipas seguiam empatadas em pontos – e ainda por cima todas iam ainda defrontar-se entre elas, numa espécie de final a três guardada por um capricho do calendário para o fim da competição. Mais ainda, duas delas decidiram abordar esta fase decisiva com treinadores novos, como se os que as tinham levado até ali, de repente, não servissem. Na decisão, foi mais forte o campeão, o FK Struga, que revalidou o título depois de mandar para casa o técnico que o tinha conduzido ao sucesso de 2023, o veterano albanês Shpëtim Duro, substituindo-o pelo adjunto, Meriton Gega. E o mais extraordinário é que os três episódios mais ansiados desta “final a três” sorriram, cada um, a um dos candidatos, ainda por cima sempre àquele que jogava fora de casa. O FK Struga foi campeão em Tetovo, no covil do Shkendija, a uma jornada do fim da prova, graças a uma vitória por 2-0, aberta com um golo do avançado que é ídolo dos dois emblemas, o velhinho Besart Ibraimi. E o campeonato ficou logo fechado porque o outro candidato, o Shkupi, não foi nesse dia capaz de ganhar em casa ao modesto Brera Strumica, pondo-se fora da corrida. O epílogo acabou por ser, assim, uma espécie de elogio do chicote, ainda que Duro não tenha abdicado dos seus méritos na conquista e esta depois tenha acabado por não servir de muito a Gega, substituído também uns dias depois de acabarem os festejos.