O dedo bom de Borges
Afinal, Rui Borges tem lá um dedo bom, que faz alterações capazes de ganhar um jogo. Foi com a criação de um triângulo a meio-campo na segunda parte que os leões foram buscar três pontos aos Açores.

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Rui Borges não perde só pontos, nos empates cedidos ao cair do pano que se tornaram uma espécie de fatalidade deste Sporting. Às vezes, o treinador também ganha pontos. Foi o que se viu na vitória por 1-0, nos Açores, contra o Santa Clara, conseguida muito à conta daquilo que o transmontano mudou da primeira para a segunda parte. E nem foi preciso dar à equipa a visão mais ofensiva e desequilibrada que muitos lhe exigem, tendo em conta as limitações que o treinador lhe impõe nas suas visões iniciais habitualmente demasiado conservadoras. Depois dos 45 minutos ofensivamente mais nulos vistos ao Sporting em muito, mas mesmo muito tempo, com apenas uma ação na área adversária – e mesmo essa inconsequente, aos 40’ –, Borges voltou com os mesmos onze para o segundo tempo e há-de ter ficado com as orelhas a arder, tantos nomes lhe terão chamado nos muitos lares leoninos que acompanhavam a partida pela TV. Mas a equipa mudou na disposição do meio-campo, encontrando espaço para Hjulmand manobrar, dando a batuta a Trincão em espaço de criação e exigindo diagonais interiores a Catamo nos momentos de transição ofensiva. O golo apareceu, a exibição contra um Santa Clara bem organizado e coriáceo continuou a não ser muito conseguida no plano atacante, mas dos Açores vieram duas notícias encorajadoras para as cinco jornadas que faltam de Liga. E não foi só o regresso de Pedro Gonçalves, que esteve em campo nos últimos três minutos: é que, afinal, o Sporting ganha sem o brilho de Gyökeres, tirado do jogo à base do cabedal de Luís Rocha.