O campeão sem pátria
O Sheriff voltou a ser campeão da Moldávia, apesar de pertencer a um país que na verdade não existe, que é a Pridnestróvia. E de ter utilizado jogadores de 24 nacionalidades, dois deles moldavos.
Só dois dos jogadores que, a 30 de Julho de 2022, iniciaram a defesa do título de campeão moldavo com o preto e amarelo do Sheriff, num empate a uma bola com o Zimbru, em Chisinau, estavam lá a 20 de Maio de 2023, quando a equipa da zona secessionista de Tiraspol concluiu a caminhada com uma vitória por 4-0 sobre o Milsami, que lhe carimbou o 21º campeonato neste século, o oitavo seguido desde o ganho precisamente pela equipa de Orhei, em 2015. Foram o sub-capitão, o defesa-central bósnio Stjepan Radeljic, que entretanto também já saiu, para o KNK Rijeka, da Croácia, e o médio ofensivo burquinabê Cedric Badolo, que ficou a assegurar a continuidade num plantel que usou 37 elementos de 24 nacionalidades diversas, mas dos quais só dois eram moldavos: o guarda-redes Celeadnic, também ele um pouco esquecido com o avançar da temporada, e o jovem avançado Covali, que alinhou por apenas 18 minutos na campanha. De resto, mudou tudo, incluindo o treinador, com a saída do croata Tomas e o regresso do italiano Bordin a um clube muito sui-generis. O Sheriff pôs o futebol moldavo no mapa recentemente, quando foi ganhar ao Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, mas na verdade nem é verdadeiramente um emblema da Moldávia, pois está sediado no território indefinível da Transnístria, como lhe chamamos nós. Ou da Pridnestróvia, como lhe chamam os russos e os locais.