O campeão sem alma
O décimo título nacional consecutivo do RB Salzburgo foi conseguido em casa, a três jogos do fim, contra o segundo, com metade das cadeiras do estádio vazias. Os austríacos lembram-se do seu Goethe.
Não devia haver muito melhor para um adepto de futebol do que o cenário que se desenha à frente dos fãs do Red Bull Salzburgo. A equipa manda na Bundesliga austríaca há dez épocas seguidas, joga bom futebol, ofensivo, de escola, revela talentos novos todos os anos, fruto de uma política acertada de desenvolvimento das camadas jovens, e chegou mesmo a brilhar na Liga dos Campeões em algumas ocasiões. E, no entanto, no momento em que Karim Konaté, o miúdo marfinense que começou a época no clube-satélite, o Liefering, no segundo escalão, ao mesmo tempo que jogava a UEFA Youth League pela casa-mãe, fez o golo do título no jogo com o Sturm Graz, da antepenúltima jornada, cerca de metade dos lugares da Red Bull Arena estavam vazios. O RB Salzburg é campeão ininterrupto da Áustria desde 2014, mas nem assim consegue convencer os adeptos da cidade a sentirem pelo clube o fervor que experimentavam pelos emblemas que antecederam a tomada de posição da marca de bebidas energéticas e a sua subida a uma posição hegemónica. Não se faz em Salzburgo nada de diferente do que se vê na maior parte das grandes urbes do futebol europeu – aliás, se há ali algo de diverso é a coerência de todo o projeto – mas nem assim o crónico campeão da Áustria deixa de parecer uma equipa vazia de sentido e de alma.
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