O campeão é o FC Formação
Há uma nova tendência na Liga. Pelo segundo ano seguido, o campeão é o candidato que mais uso faz da formação. Os futebolistas germinados em casa pelo FC Porto estiveram em 28,4% dos minutos de jogo.
É a segunda Liga consecutiva ganha pelo candidato que mais uso fez da formação ao longo de toda a época. O FC Porto foi campeão nacional chamando ao relvado dez jogadores que em algum momento passaram pelas suas equipas de sub19 ou inferiores – dos dez, só Bernardo Folha não jogou na Liga – e levando-os a contribuir com 28,41 por cento do total de minutos de competição que a equipa fez nos 52 jogos já realizados até aqui em todas as provas. Os dragões prolongaram assim a proeza que já tinha sido conseguida há um ano pelo Sporting, que na altura se sagrara campeão com doze jogadores criados em casa e uma contribuição de 34,27 por cento dos minutos. A diferença é que se para o FC Porto os números deste ano são um recorde da última década, e até deste século, no Sporting já não é assim: em 2014/15, com Marco Silva, os leões viram os alunos da Academia de Alcochete fazerem quase metade dos minutos de competição (49,96 por cento). E até Jorge Jesus, o treinador que nestes dois anos veio reduzir o peso da formação no futebol do Benfica, fez em Alvalade duas temporadas acima dos 40 por cento de recurso à formação.
O facto de termos dois campeões consecutivos com recorde de uso de jogadores formados em casa pode ser suficiente para ser considerado uma tendência, mas continua a não ser algo habitual. Se limitarmos a análise às últimas dez épocas, só por três vezes o campeão foi o clube que mais recorreu aos formandos. O vencedor anterior a fazê-lo tinha sido o Benfica de Bruno Lage, em 2018/19, com 24,45 por cento dos minutos feitos por gente criada no Seixal. Curiosamente, nessa época – que faz com que três dos últimos quatro vencedores da Liga tenham sido os clubes que mais olharam para dentro – nenhum dos outros candidatos chegou sequer aos 10 por cento. Mas se continuarmos a seguir para trás, a tendência é interrompida pelo insucesso frequente do Sporting, que foi, dos três, o que mais recurso fez à formação em oito dos últimos dez anos. As exceções à supremacia leonina no recurso à formação foram a época atual, em que o Sporting se ficou pelos 25,97 por cento, um pouco abaixo do FC Porto, e a de 2018/19, que fechou nos 20,01 por cento, também aquém dos números do Benfica de Lage. É, no entanto, possível identificar no Sporting uma quebra no recurso à formação após dois anos de Jorge Jesus, da mesma forma que se vê essa redução no Benfica com a liderança do amadorense. Mas não se pense que ele conduzia o seu Benfica, na primeira passagem, de modo radicalmente diferente do que fazia o FC Porto com os treinadores que foi tendo, de Vítor Pereira a Lopetegui. É que estes também nem aos 10 por cento de utilização de gente da formação chegavam.
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